OPINIÃO

A nossa maior festa

12/01/2024 | Tempo de leitura: 3 min

Com a presença dos produtores de uva e de vinhos de nossa terra, portões abertos ao grande público, o primeiro escalão da cidade, comandado pelo prefeito Luiz Fernando, e seus gestores diretos José Parimoschi e Adilson Rosa, festejaram ontem a abertura da nossa maior festa popular, a Festa da Uva. E a festa chegou trazendo o que é mais valioso para o patrimônio histórico da cidade: suas origens e reverência às pessoas que a criaram.

Diz o historiador Alexandre de Oliveira, em seu texto, que a cidade tinha, na época da criação da festa, uma população em cerca de 50 mil habitantes. E a primeira Festa da Uva registrou um público extraordinário, cerca de 70 mil visitantes, quase uma cidade e meia de gente em seus enormes pavilhões.

O sucesso foi tão extraordinário que a cidade foi reconhecida nacionalmente, desde então, como Terra da Uva, título que carrega até os dias de hoje.

Mas como justificar o sucesso desta nossa tradicional festa popular?

Fácil de explicar.

Ela foi concebida por gente da terra, agricultores rurais, trabalhadores de mãos calejadas no cultivo da uva e na preparação do solo. Imigrantes italianos que plantaram em nossa terra um pedaço de sua saudosa Toscana.

O sucesso jundiaiense, sim, é cativo na sua origem.

Revela a história que a primeira festa da uva ocorreu em 1934, na parte central da cidade, onde atualmente temos o Centro das Artes, sendo que o prédio da escola Conde do Parnaíba acolhia uma feira industrial, com exposição de todas as suas atividades.

Os viticultores Antonio Pincinato, Hermes Traldi, Cândido Monjola, Rogério Baston, Artur Del Vech e o então prefeito da época, Antenor Soares Gandra, foram os idealizadores do evento.

Interessante acrescentar que a preciosa fruta foi cultivada devido uma grande geada que ocorreu em 1918. Foi o primeiro impulso para o cultivo da uva na região.

Os cafezais, que eram a principal atividade agrícola daquela época, foram afetados e o plantio da uva tornou-se solução, devido o solo adequado.

As primeiras parreiras de uvas foram plantadas nos bairros Colônia e Caxambu no inicio do século XX, pelos imigrantes italianos. Logo se alastrava pelo bucólico Bairro do Traviú.

Apesar das plantações estarem presentes em quase toda a cidade, os bairros da Toca, Roseira, Currupira, Traviú, Engordadouro, Bom Jardim, Poste, Colônia e Caxambú concentram a maior quantidade de vinhedos, sendo mais de 284 viticultores.

A tradição segue de geração em geração. A nossa maior festa a testemunha deste grande amor.

As coisas que fazem parte da história, devem ser tratadas com esta deferência, sob pena de se perder, o que temos de mais valioso: a memória da cidade. E esta memória tem de ser preservada, porque ela tem sempre algo a dizer, situar e referendar o presente.

O espírito indômito e o coração do jundiaiense, sem falsos ufanismos, ainda inflama as veias e bate no peito de cada um de nós, quando acontece mais uma Festa da Uva.

Sim, vamos à festa. São 90 anos de tradição atuante. O povo que honra sua tradição, honra a si próprio.

Refulgem a cada canto do evento, tanto para aqueles que aqui nasceram como tantos outros que adotaram esta terra e seu modo de viver, a seus queridos visitantes, a força de se emocionar por tão grandiosa tradição.

Tenho orgulho de viver aqui.

Guaraci Alvarenga é advogado (guaraci.alvarenga@yahoo.com.br)

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