Depois de adiada diversas vezes, o Centro das Artes, que levou o nome do ex-prefeito Pedro Fávaro, que foi quem transformou o antigo Mercado Municipal em equipamento cultural em 1981, e mais outros que nomeiam salas e lugares internos, foi inaugurado nesta quinta. Já inicia com uma conturbada ocupação da Rua Barão de Jundiaí com totens para crianças e grandes vasos nos lugares que, antes, eram de estacionamento de carros. Claro que esses totens é marca registrada do prefeito que aderiu ao programa de mundo da criança, universo da criança e todos os lugares da criança, inclusive a cidade da criança (ex terra da uva). Esse acho que foi o último dos espaços infantis que pretende abrir para a cidade nesse ano.
A inauguração com alarde na parte de fora não corresponde no interior, mas teve sim uma comemoração extensa e uma festa para os que estavam ali. Uma exposição foi feita às pressas, montada em 1 dia, abriu simultaneamente dia 14, com os artistas que conseguiram se inscrever, como falei no último artigo de sábado dia 2 de dezembro. O amadorismo era crucial e a burocracia foi a marca desse evento de artes. Fizeram a exposição, está lá como era esperado e tem de tudo, algumas obras boas e outras não.
Eu defendo o direito ao feio. Se tem obras feias ou inadequadas, pode ser por falta de direção e de ausência de boas e competentes curadorias. Independentemente disso, o espaço está bonito e bem resolvido, mas terá muito mais propaganda para as crianças do que de arte (Centro das Artes).
Ainda assim não tem nenhum dano ao edifício que preserva a fachada do projeto original do arquiteto Rino Levi, um dos mais importantes de São Paulo, e do engenheiro Antônio Mila.
A exposição abre com obras de 42 artistas que ocupam a galeria de exposições "Olga de Brito". Apesar do número, a maioria são obras de exposição em paredes, o que deixa uma sobra de espaço muito grande, um vazio. Não há uma fluidez, um percurso, as obras não conversam entre si e não podem ser consideradas como um conjunto; tem sim obras legais, mas muitas obras kitsh, como era de se esperar, muitas ingênuas e algumas de qualidade, como da Yeda Sandoval e Vera Lucchini.
Vera considera esse espaço democrático e necessário quanto à exposição, nada além da pobreza das escolhas... A montagem mostra que foi feito às pressas, sem planejamento, afinal as obras chegaram num dia e no outro a exposição tinha que estar pronta para inauguração. Como aceitar isso? Uma exposição para fazer em um dia? Jamais fariam se tivessem bom senso e respeito pelos artistas. Mas como diz o secretário de Cultura, Marcelo Peroni: "é o que tem pra hoje".
Evidentemente que não será assim, mas para melhorar esse panorama um bom projeto de aulas e oficinas de cultura e arte precisa ser implementado, para formar um fruidor mais exigente e um artista mais ligado em seu tempo e no que vai produzir.
Eduardo Carlos Pereira é arquiteto e urbanista (edupereiradesign@gmail.com)