OPINIÃO

O que o PISA pós-pandemia revela

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Na semana passada, foram divulgados os resultados do PISA 2022 (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes), a mais abrangente avaliação educacional no mundo, coordenado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O PISA analisou a qualidade, equidade e eficiência de sistemas educacionais de 81 países, fornecendo informações sobre o desempenho dos jovens de 15 anos em três áreas: Leitura, Matemática e Ciências.

O resultado deste PISA era dos mais aguardados porque foi a primeira prova realizada depois da crise da Covid-19 e, assim, seria possível avaliar e comparar o impacto do fechamento das escolas e das aulas online. O exame é aplicado a cada três anos, com exceção desta última edição, que foi adiada em 12 meses em função da pandemia.

O resultado trouxe algumas surpresas: nos países ricos, o desempenho dos estudantes, tanto em Matemática quanto em Leitura, teve a maior queda da história. Agora, um em cada quatro adolescentes de 15 anos desses países tem baixo desempenho nos três itens avaliados. Por exemplo, eles têm dificuldades para fazer contas com porcentagens e distinguir fatos de opiniões.

Já, no Brasil, a nota permaneceu praticamente estável em relação à prova anterior, ou seja, as perdas não foram tão significativas. Como os resultados já eram sofríveis, apenas não pioraram mais. O país continua com um longo caminho a percorrer para elevar o nível educacional das crianças e dos adolescentes brasileiros.

Com isso, a luz amarela segue acesa para o ensino do país, sobretudo para Matemática. Na disciplina, 73% dos estudantes avaliados ficaram nos níveis abaixo do básico. No geral, entre os 81 países avaliados, o Brasil está na 65ª posição em Matemática (entre Colômbia e Argentina), em 61ª em Ciências (junto com Jamaica e Montenegro) e em 52ª em Leitura (empatado com Jamaica).

O detalhamento dos resultados do PISA mostra que, para a rede pública, a estrada é ainda mais comprida. Levando em consideração o desempenho somente desses estudantes, as colocações seriam as seguintes: 69º lugar em Matemática (junto com Palestina e Indonésia), 65º em Ciências (empatado com Panamá) e, em Leitura, entre Argentina (58º colocado) e Panamá (59º colocado).

As escolas públicas paulistas contam, desde agosto, com o apoio do Sesi-SP para avançar em Matemática e Língua Portuguesa. O programa Novo Olhar, voltado para formação de professores que atuam do 3º ano do Ensino Fundamental até o 9º ano, está sendo aplicado de forma gratuita em 86 municípios, impactando 115 mil estudantes.

Nesta ação, o objetivo é aprimorar os conhecimentos dos estudantes em Língua Portuguesa, por meio de estratégias de artes cênicas, e em Matemática, por meio de estratégias do pensamento computacional, usando a metodologia STEAM, que integra Ciência, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática.

Outra vertente do PISA, o PISA para Escolas, que também mensura o conhecimento e as competências de alunos de 15 anos, atesta a qualificação do Sesi-SP para aplicar esses programas.

O PISA para Escolas avalia a unidade escolar e, no ano passado, o Sesi-SP participou pela primeira vez. O desempenho dos alunos da rede superou a média do Brasil e a do Chile (que tem o melhor sistema de educação da América Latina) nas três áreas de conhecimento. Melhor: o desempenho em Matemática, por exemplo, é semelhante ao de alunos de Israel e da Islândia.

Só com a participação de toda a sociedade, numa grande mobilização para apoiar as redes públicas de educação, o Brasil conseguirá superar seus desafios.

Vandermir Francesconi Júnior é 2º vice-presidente do CIESP e 1º diretor secretário da FIESP (vfjunior@terra.com.br)

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