OPINIÃO

Alfabetizar é o verbo

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“Alfabetizar é o verbo, é o começo”. Essas palavras entoadas no rap cantado por Dow Raiz deram o tom do evento realizado, na semana passada, no Teatro do Sesi-SP, na Avenida Paulista. Lá, diante de uma plateia repleta de prefeitos e de secretários de Educação do estado de São Paulo, foi entregue o Prêmio PAR aos oito municípios paulistas que mais se destacaram, no ano passado, na alfabetização de crianças na idade certa – até o segundo ano do Ensino Fundamental.

Tenho dito reiteradas vezes, neste espaço, que o Brasil só avançará se conseguir prover educação de qualidade para a população. Como mais de 80% dos estudantes brasileiros estão na rede pública, melhorar o ensino público é condição necessária para o país se desenvolver, social e economicamente.

Por isso, os bons exemplos precisam ser divulgados e quem consegue se destacar merece ser reconhecido. Nesta primeira edição, entre as 645 cidades paulistas avaliadas, ganharam o Prêmio PAR Brejo Alegre, Braúna, Meridiano, Mirante do Paranapanema, Pinhalzinho, Guariba, Fernandópolis e Franca. Os critérios técnicos para definir os vencedores foram elaborados pelo Sesi-SP em conjunto com o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), Associação Bem Comum e Canal Futura.

O prêmio está vinculado ao novo programa do Sesi-SP no campo da alfabetização, o PAR (Programa Alfabetização Responsável). Inteiramente gratuito, o programa foi lançado em setembro e já teve a adesão de mais de 400 prefeituras. O objetivo é auxiliar municípios a alfabetizar as crianças na idade certa por meio da formação de professores e da utilização de novos recursos didáticos. O PAR será implementado em 2024 junto a docentes da educação infantil (4 e 5 anos) e do início do Ensino Fundamental (1º e 2º anos).

Já com o prêmio, a intenção é dar visibilidade à importância do tema, engajar os prefeitos e tornar conhecidas as boas experiências existentes no estado de São Paulo. Afinal, este é um desafio para o nosso estado e para o Brasil, uma vez que 56,4% dos alunos que terminam o segundo ano do Ensino Fundamental não estão alfabetizadas, segundo dados oficiais.

Presente ao evento, a secretária-executiva do Ministério da Educação, Izolda Cela, citou estudos que evidenciam que uma criança que se alfabetiza bem tem 80% de chance de ter uma trajetória regular. Ao passo que, para uma criança que fracassa nesse início, essa chance cai para 30%. “Alfabetizar não é um passe de mágica, é uma batalha. Quando o começo é bem feito, abre as portas para uma perspectiva de sucesso”, disse Izolda.

As oito cidades vencedoras do Prêmio PAR foram definidas a partir de dados públicos de desempenho dos alunos das redes municipais. Os municípios paulistas foram divididos em oito grupos e classificados de acordo com o número de escolas e matrículas no segundo ano do Ensino Fundamental. Foram considerados ainda o desempenho no Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp) e o nível socioeconômico da cidade.

Como prêmio, os vencedores ganharam um espaço maker completo, em regime de comodato, com suporte de um instrutor do Sesi-SP. Trata-se de um laboratório de fabricação digital para práticas pedagógicas, equipado com máquinas e recursos do mais alto nível para desenvolvimento e prototipação de projetos. Possibilita aos estudantes materializarem suas ideias, além de desenvolver a criatividade e o espírito colaborativo. Afinal, alfabetizar é o começo, mas a jornada de aprendizado nunca termina.

Vandermir Francesconi Júnior é 2º vice-presidente do CIESP e 1º diretor secretário da FIESP (vfjunior@terra.com.br)

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