A parcela de crianças nunca foi tão pequena no país: elas são 19,8% da população - em 1980, por exemplo, eram 39,8%. Quarenta milhões de brasileiros têm entre zero e 14 anos, praticamente o mesmo número de 1970, quando o contingente desta faixa etária somava 39 milhões.
Os dados do Censo de 2022, recém-divulgado, revelam um país onde número de crianças e adolescentes é decrescente. Nosso estado é um exemplo desse fenômeno. São 7,9 milhões os paulistas entre zero e 14 anos. Desse total, 2,7 milhões têm entre dez e 14 anos, outros 2,7 milhões têm entre cinco e nove anos, e apenas 2,4 milhões têm entre zero e quatro anos.
Isso significa que está caindo o número de pessoas a serem atendidas pelas políticas públicas de educação, o que, em tese, garante alguma folga de recursos para o setor. Por isso, o país não pode desperdiçar a oportunidade de, finalmente, dar um salto qualitativo neste quesito essencial para o desenvolvimento e o bem-estar dos brasileiros. Afinal, a qualidade do ensino e o nível de escolaridade do Brasil ainda ficam abaixo da média de outros países de renda similar à brasileira.
Os desafios educacionais do pós-pandemia são muitos - e urgentes. Desde meados dos anos 1990, o Brasil obteve enormes avanços no acesso à educação. Ainda assim, o país tem hoje 1 milhão de crianças e adolescentes entre quatro e 17 anos fora da escola, segundo o último Censo Escolar. É necessário integrá-los às salas de aula.
O planejamento na área de educação precisa ser mais assertivo. Faz sentido sair construindo escolas com a queda populacional? Ou deve-se investir em unidades mais inteligentes, adaptáveis a outras eventuais demandas do futuro?
Como garantir que meninos e meninas entre quatro e cinco anos frequentem o ensino infantil, que é obrigatório desde o ano passado? Crianças desta faixa etária que estão na escola começam a ter acesso a um ambiente de letramento. Chegam ao 1º ano do Ensino Fundamental dando os primeiros passos na alfabetização, etapa crucial do período escolar que deve ser concluída até o fim do 2º ano do EF.
A indústria de São Paulo, por meio do Sesi-SP, tem contribuído de forma muito consistente para elevar a educação no nosso estado. O apoio à alfabetização na idade certa - ou seja, até o final do 2º ano do EF - é a iniciativa mais recente.
A entidade lançou o Programa Alfabetização Responsável (PAR) e está firmando parcerias com as prefeituras paulistas para, a partir de 2024, atuar na formação de professores da rede pública, bem como disponibilizar novos recursos didáticos para as escolas. Tudo gratuitamente. Como estímulo às redes municipais de ensino, no próximo dia 13/11, Sesi-SP e Fiesp irão entregar um prêmio (Prêmio PAR) às cidades paulistas que mais se destacaram ao alfabetizar as crianças na idade certa.
Anteriormente, o Sesi-SP criou o Recompondo Saberes para recuperar os aprendizados perdidos de Língua Portuguesa e Matemática na pandemia. O programa, ao qual 63% dos municípios paulistas aderiu, impactou quase 1 milhão de estudantes.
Depois, lançou o Novo Olhar, voltado para o aprimoramento continuado dessas duas disciplinas de forma inovadora. Língua Portuguesa com a linguagem teatral e Matemática por meio do pensamento computacional e do STEAM, que integra conhecimentos de ciências, tecnologia, engenharia, artes e matemática. Esses programas também são gratuitos e têm como foco a formação de professores e novos recursos didáticos.
Melhorar a educação do Brasil é tarefa de toda sociedade. Só assim o país poderá superar seus enormes desafios sociais e econômicos.
Vandermir Francesconi Júnior é 2º vice-presidente do CIESP e 1º diretor secretário da FIESP (vfjunior@terra.com.br)