Opinião

Inverno quente, mundo pegando fogo

27/09/2023 | Tempo de leitura: 3 min

Que calor é esse em pleno inverno, início de primavera?

Coisas que normalmente são corriqueiras tornam-se verdadeiros périplos e aventuras. Quase uma bandeira no meio da mata desconhecida e aquele calor infernal. Ir à Igreja? Só se tiver sistema de ar-condicionado.

Não há como ficar na rua. Em casa, só para os afortunados que possuem  no mínimo potentes ventiladores (morar em andares altos ajuda: as noite são menos inclementes em Jundiahy).

O escritório, o local do trabalho, torna-se oásis se há sistema de ar refrigerado. Essa tem sido a triste realidade. 

O que conforta é que poderia ser pior. Em matéria da BBC de Londres, vi que o Emirado do Kwait tem dias em que facilmente se ultrapassa os 50 graus celsius.

Em outro lugar do mundo, outros problemas. O derretimento do Ártico é outro problema crítico da atualidade. O aumento das temperaturas globais está causando a diminuição das calotas de gelo marinho na região ártica. Isso tem sérias consequências, incluindo o aumento do nível do mar, alterações nos ecossistemas árticos e o agravamento das mudanças climáticas em todo o mundo.

Existem até países inteiros que correm o risco de sumir. Kiribati, uma nação insular do Pacífico Central, enfrenta sérios desafios relacionados ao aumento do nível do mar e às mudanças climáticas. A elevação do nível do mar devido ao derretimento das calotas de gelo e ao aumento das temperaturas globais ameaça a existência dessas ilhas de baixa altitude.

Kiribati é composto principalmente por atóis coralíneos e ilhas de recifes que estão apenas alguns metros acima do nível do mar. Como resultado, o aumento do nível do mar representa uma ameaça iminente para a infraestrutura, os recursos naturais e a população de Kiribati. As inundações costeiras e a intrusão de água salgada nos lençóis freáticos já são problemas significativos.

O governo de Kiribati tem buscado medidas para lidar com essa ameaça, incluindo a busca por ações internacionais para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e o desenvolvimento de estratégias de adaptação, como a realocação de comunidades para ilhas mais elevadas. No entanto, as perspectivas a longo prazo para o país permanecem desafiadoras devido às mudanças climáticas em curso.

E tudo acontecendo nesses últimos meses. Calor aqui, calor acolá. De Kiriabti à Vila Arens. Do Varjão à Sibéria, os problemas com a temperatura são mundiais.

Não vou entrar no debate se é culpa do quê ou de quem... prefiro focar em soluções. Mas nesse caso o difícil é fazer passar esse calor danado. A sensação térmica é de pururuca.

Mas uma coisa é certa: estaríamos muito piores sem nosso "refrigerador natural": a Serra do Japi, essa formação montanhosa localizada aqui na terrinha. A serra possui uma vegetação exuberante e é considerada uma área de preservação ambiental de grande importância devido à sua biodiversidade e valor ecológico. E, claro, pela deliciosa brisa que dela vem e adentra a cidade especialmente ao longo da madrugada.

É comprovado que o clima das regiões com área verde são mais amenos, podendo haver uma variação de até cinco graus celsius. Isso acontece devido ao bloqueio que as copas das árvores fazem contra os raios solares. Por isso, viver próximo à Serra do Japi ajuda em momentos de calor intenso.

Suportemos, pois, com resiliência, algo que não podemos e não conseguimos mudar. Nessas horas contemos com os shoppings centers, carros e escritórios munidos de refrigeração de ar. E, claro, com o convite daquele amigo que tem piscina em casa.

Que sobrevivamos com a ajuda da Serra do Japi a esse calor.

Samuel Vidilli é cientista social (svidilli@gmail.com)

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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