Opinião

Agenda verde e reindustrialização

26/09/2023 | Tempo de leitura: 3 min

"Venham investir no Brasil. O Brasil está aberto para negócios, especialmente negócios verdes e sustentáveis. Somos um país jovem, moderno, que ama a democracia e que tem instituições que dão a vocês segurança para investir." Essas palavras proferidas pelo presidente da Fiesp, Josué Gomes da Silva, na abertura do seminário "Brasil em foco: mais verde e comprometido com o desenvolvimento sustentável", promovido pela Fiesp e pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), em Nova York, na semana passada, dão a tônica do caminho que o país está perseguindo para atrair mais investimentos.

O encontro, realizado na bolsa de valores nova-iorquina, foi uma oportunidade de autoridades brasileiras mostrarem aos americanos as possibilidades de negócios e de investimentos em transição ecológica e energética, descarbonização e infraestrutura direcionadas ao crescimento sustentável no Brasil.

O seminário agregou mais conteúdo ao road show que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fez na cidade quando apresentou a mais de 60 fundos de investimentos a estrutura dos títulos verdes (green bonds) que o Brasil pretende lançar no mês que vem nos Estados Unidos. É a primeira vez que o país oferece ao mercado financeiro internacional títulos da dívida com critérios sustentáveis.

A expectativa é que esses títulos verdes captem, só nos EUA, R$ 10 bilhões que serão destinados exclusivamente ao financiamento de ações ambientais, como produção de energia renovável e eficiência energética.

Haddad reforçou que não existe divórcio entre sustentabilidade e crescimento. Segundo ele, o futuro é do desenvolvimento sustentável, e o Brasil pode ter um papel proeminente nisso. No evento, o ministro afirmou esperar que o plano de transição ecológica seja a base para a reindustrialização do país. Isso porque boa parte da energia limpa que o país produz e produzirá poderá ser alocada na manufatura verde, de maior valor agregado.

"Não precisamos nos resignar à condição de exportadores de energia limpa, que é o que o mundo gostaria que nós fizéssemos. Boa parte dessa energia limpa tem que ser consumida no Brasil para manufaturar produtos verdes. Esse é o nosso objetivo último, modernizar a economia brasileira nos valendo das nossas vantagens competitivas", diz Haddad.

De fato, estamos diante de uma janela de oportunidade, pois, no momento, o país reúne, como poucos, as condições de ser uma potência na área da sustentabilidade. Hoje, quase metade da energia do Brasil já vem de fontes limpas, contra 15% da média mundial; a capacidade nacional para a produção de bens e serviços verdes dão ao país vantagem competitiva para promover a descarbonização; o cumprimento do compromisso de eliminar o desmatamento ilegal até 2028 e de zerar as emissões liquidas de gases de efeito estufa até 2050 pode resultar em remoções significativas de dióxido de carbono (CO2) da atmosfera.

Uma mensagem que o país pretendeu passar em Nova York foi de sintonia entre os poderes, condição essencial para fazer avançar as agendas estruturantes do Brasil - inclusive a agenda verde.

Por isso, vale ressaltar que no seminário o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), garantiu que dará prioridade a três projetos importantíssimos para impulsionar o desenvolvimento sustentável: a regulamentação do mercado de carbono; o marco regulatório para a produção de energia eólica offshore (em alto-mar); e o marco regulatório da transição energética com ênfase no hidrogênio verde. É um ótimo roteiro.

Vandermir Francesconi Júnior é 2º vice-presidente do CIESP e 1º diretor secretário da FIESP (vfjunior@terra.com.br)

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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