GESTÃO

Menos de 2% do lixo gerado em Jundiaí é reciclado

Por Nathália Sousa |
| Tempo de leitura: 3 min
Divulgação
O processamento de material reciclável recolhido pela coleta seletiva em Jundiaí acontece no Geresol
O processamento de material reciclável recolhido pela coleta seletiva em Jundiaí acontece no Geresol

Em Jundiaí, a quantidade de resíduos sólidos destinada à reciclagem está há anos abaixo da média nacional, que é de 4%. Entre 2017 e 2021, quando há o dado mais recente no Observatório Jundiaí, o município reciclou menos de 2%. O índice mais alto alcançado na série histórica, iniciada em 2010, foi justamente nesse ano, com 7,3% dos resíduos sólidos urbanos reciclados.

Se o valor está distante da média nacional, se afasta um abismo de médias de outros países. Na mesma faixa de renda e grau de desenvolvimento econômico do Brasil, Chile, Argentina, África do Sul e Turquia apresentam média de 16% de reciclagem, segundo dados da International Solid Waste Association (ISWA). Em relação aos países desenvolvidos, os dados se tornam ainda mais distantes. Na Alemanha, por exemplo, o índice de reciclagem alcança 67%.

EDUCAÇÃO

Segundo dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), em 2021, Jundiaí reciclou apenas 1,4% dos resíduos sólidos urbanos; em 2020, 1,3% do que foi coletado terminou reciclado; 1,4% em 2019; 1,6% em 2018; e 0,8% em 2017. O dado leva em consideração o material reciclável recuperado pela prefeitura, empresas contratadas por ela, associações de catadores e outros agentes, não incluindo, entretanto, quantidades recuperadas por catadores autônomos não-organizados nem quantidades recuperadas por intermediários privados, como sucateiros.

De acordo com o engenheiro químico e educador ambiental Flávio Gramolelli Junior, o índice está muito abaixo do esperado. "Nós temos uma cidade dita saudável, sustentável, temos coleta seletiva desde 1994, quando a prefeitura começou o programa, mas o tempo passa e só temos 2% de lixo reciclado. É vergonhoso. Por isso que a posição do município no Programa Verde Azul, do estado, não é boa. Me lembro que a coleta chegou a 7% e eu já achava absurdo, já tinha anos de coleta seletiva na época. Tinha que ser pelo menos 50%, falta educação ambiental eficiente para que as pessoas separem o lixo", diz.

No ranking do Programa Município Verde Azul, desenvolvido pela Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística de São Paulo, Jundiaí ocupava a posição 83 em 2021, quando houve a última edição. O ranking é composto por várias categorias e uma delas é Resíduos Sólidos. Nesta categoria, em 2021, Jundiaí ocupou a 81ª colocação entre os municípios do estado. Em 2020, ocupava a 13ª posição. Em 2019, esteve em 54º. Em 2013, quando a cidade liderou o ranking do Verde Azul, no quesito Resíduos Sólidos, Jundiaí ficou em 3º.

Para Gramolelli, é necessária a educação ambiental e pode haver coleta tanto pela prefeitura quanto por ONGs. "É possível que coexistam cooperativas e a coleta seletiva. Catadores não dão conta de coletar tudo. Mas, se tivesse um apoio maior, ia otimizar esse processo. A partir do momento que você ensina a criança, ela faz em casa. Trabalho há anos com educação ambiental e funciona", afirma.

Mais de 98% dos resíduos sólidos urbanos de Jundiaí vão para aterro sanitário. Atualmente, o município destina o lixo coletado para o aterro de Santana de Parnaíba. A quantidade de resíduo destinada a aterros chegou a 100% em 2012, quando foi iniciada a série histórica no Observatório Jundiaí e segue uma média alta de lá para cá.

Comentários

Comentários