Opinião

Autismo e Plano Municipal

02/09/2023 | Tempo de leitura: 3 min

Nos últimos anos, houve uma série de descobertas importantes sobre o autismo. Essas descobertas estão ajudando os cientistas a entender melhor o transtorno e a desenvolver novos tratamentos. Mas, é urgente e condição sine qua non aprovar projeto de lei na câmara de vereadores para que o poder executivo coloque em prática suas ações através Plano Municipal. Embora existam vereadores que votem contra, lutemos com boa vontade nessa urgência, pois como diria o poeta romano Terêncio (185 a.C.): "Não há coisa tão fácil que não pareça dificílima quando feita de má vontade."

Plano municipal para o autismo é um documento que define as diretrizes e estratégias para a implementação de políticas e programas voltados às pessoas com autismo e suas famílias neuroatípicas. Esses planos são importantes para garantir acesso precoce a serviços e apoios necessários para viver uma vida plena e produtiva. Geralmente abordam as seguintes áreas: diagnóstico e intervenção precoce; educação e emprego; saúde e bem-estar; participação social.

Um estudo publicado na renomada revista Nature em 2022 identificou 134 genes que podem estar envolvidos no transtorno. Essa descoberta pode ajudar os cientistas a desenvolver tratamentos personalizados para pessoas com autismo. O autismo também pode ser diagnosticado em bebês muito jovens. Um estudo publicado na mesma revista Nature Medicine em 2022 mostrou que o autismo pode ser diagnosticado com precisão em bebês de apenas 12 meses de idade. Esse avanço pode ajudar a garantir que as crianças com autismo recebam o apoio de que precisam desde cedo.

Essas descobertas são um avanço significativo na compreensão do autismo. Entretanto, é preciso que o plano municipal preveja terapias para corrigir as mutações genéticas que podem causar o autismo, medicamentos para reduzir os sintomas como problemas de comunicação e comportamento, além de terapias comportamentais para ajudar a desenvolver habilidades sociais e de comunicação.

Existem muitas pesquisas internacionais sobre autismo sendo realizadas atualmente. Algumas das áreas de pesquisa mais importantes incluem: genética do autismo - os pesquisadores estão trabalhando para identificar os genes que contribuem para o autismo, isso pode levar ao desenvolvimento de novos tratamentos e testes de diagnóstico; neurociência do autismo - os pesquisadores estão estudando como o cérebro das pessoas com autismo funciona, podendo ajudar a entender melhor os sintomas do autismo e desenvolver novos tratamentos.

Em 2022, um estudo publicado na revista JAMA Pediatrics da American Medical Association revelou que a prevalência de autismo nos Estados Unidos é de 1 em 30 crianças e adolescentes entre 3 e 17 anos. No Brasil, infelizmente ainda estamos sem informações. Em 2021, um estudo publicado na revista Nature revelou que os cientistas identificaram 102 genes que contribuem para o risco de alguém nascer com autismo. Em 2020, um estudo publicado na revista JAMA Psychiatry revelou que a intervenção precoce pode ajudar as pessoas com autismo a melhorar suas habilidades de comunicação e interação social.

Portanto, é de capital importância ter um plano municipal que rapidamente se adeque a inovação, de tal sorte que haja coordenação de serviços e apoios oferecidos por diferentes setores, como saúde, educação e assistência social, além de aumentar a conscientização sobre o autismo na comunidade. Temos que aproveitar o talento dessas pessoas com transtorno do espectro autista - TEA, pois é fundamental para o desenvolvimento social e econômico.

Observemos, por exemplo, pessoas de outros países como Daniel Tammet que é um matemático e escritor britânico. Ele foi diagnosticado com autismo aos 2 anos de idade. Ele é conhecido por sua capacidade de memorizar números e por seu trabalho sobre a consciência. Ava Howard é uma engenheira e programadora de computadores americana. Ela foi diagnosticada com autismo aos 3 anos de idade. Ela é cofundadora da organização Autism Women in Technology.

Esses exemplos, novas descobertas e tratamentos oferecem esperança para as pessoas com autismo e suas famílias. Enfim, a elaboração de planos municipais para o autismo é um passo importante para garantir que essas pessoas tenham acesso aos direitos e oportunidades que merecem, além do desenvolvimento social e econômico do município. A despeito de votação contrária da urgência do plano municipal por parte de vereadores, aprendamos com o poeta romano Terêncio que dizia: "Enquanto há vida, há esperança."

Nélio Reis é mestre e doutor em engenharia de produção (nelio.reis.phd@gmail.com)

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

3 COMENTÁRIOS

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  • Andrade
    02/09/2023
    É lamentável que o jogo político não se importe com ninguém, mas unicamente com o poder. Ficou evidente que a rejeição foi por conta do proponente do projeto, Adilson Júnior, ligado há anos com o vice prefeito Gustavo Martinelli, ambos muito queridos pela população há mais de uma década. Quando os interesses de quem detém o poder em Jundiaí é colocado em risco, vemos atrocidades com famílias e causas nobres, tudo para tentar enfraquecer, de alguma forma, o Gustavo. Por que será que ele incomoda tanto? Por que será que eles têm tanto medo de alguém que tem tanto apreço da população? É de se pensar até onde vai o jogo..
  • Marcelo Canale
    02/09/2023
    O Projeto de Lei 13.967/23 de autoria do Vereador Juninho que institui a Política Municipal dos Direitos do Autista está parado na Câmara de Vereadores de Jundiaí. A sociedade precisa se unir em torno dessa causa para que essa política seja aprovada na íntegra \"com urgência\"
  • WANDERLEI DIVINO ANTUNES
    02/09/2023
    Exelente Materia. Parabéns Prof. Nélio