Combinado para hoje à noite tomar chope na Praça do Centro. Bora? Já chamei a turma toda e toparam! Assim que eu chegar te aviso para todo mundo vir na mesma hora.
Como se fosse verdade, um Centro com cervejarias e cafés espalhados por mesas e cadeiras na praça seria um verdadeiro momento de renovação e prazer! E esperamos que isso aconteça e logo.
Em Campinas, há décadas isso acontece na Praça Bento Quirino, que lota centenas de mesas e pelo menos seis casas de chope estão lá servindo o tempo todo, tudo isso bem em frente ao túmulo-monumento de Carlos Gomes.
Em Paris, os espaços externos aos bares, que floresceram durante a pandemia, são, agora, espaços permanentes e sinônimo de uma vida urbana de qualidade.
Um artigo do New York Times ressalta que, durante a época branda da pandemia, um programa para manter bares, cafés e restaurantes abertos e aliviar as empresas do ramo foi estabelecido, permitindo que esses locais pudessem ocupar praças, ruas e calçadas a fim de manter o distanciamento social mínimo, sem aglomerações, e ainda assim continuar em pleno funcionamento. Como consequência desse movimento, hoje os quase 13 mil terraços ao ar livre de bares e cafés são abertos anualmente, no período de abril a novembro, até as 22h, ocupando os espaços públicos e transformando esses locais que antes se esvaziavam à noite em locais com uma efervescência de urbanidade. Lá um outro problema se apresentou: as reclamações pelo barulho. Moradores protestam por causa disso. Mas todos convivem e sobretudo usufruem.
Uma das grandes reclamações sobre Centro daqui, que, com sua solução, poderia contribuir para que a vida noturna fosse um sucesso, é o tratamento digno à população de rua. Os moradores de rua, em Jundiaí, já são crônicos! Não vão sair das ruas. Nem querem. Podem ser poucos, mas são em sua grande maioria adictos que necessitam do cuidado público e de ações para que possam ser acolhidos, tratados e considerados em sua complexidade.
Aqui são bem sucedidos os cafés em lugares fechados, alguns para fora são isolados para garantir que os clientes não sejam importunados, especialmente na rua do Retiro, onde o café esta cercado para que ninguém entre. Medida mais radical foi a da choperia Giovanetti, a mais tradicional de Campinas e a mais longeva. Para que não abordassem os clientes, tiraram as mesas, cobriram os vidros com uma superfície opaca e o prazer de estar na rua também tiraram.
Segundo o Dr. Daniel Julião, do MP de Campinas, ações sociais para tratar esses moradores de rua ou adictos são necessárias e precisam vir de diversas áreas de atuação, é complexa e não é simplista, nenhuma proposta ou projeto não prospera se não tiver esse conjunto de ações envolvidos.
É possível melhorar a saúde de todos e oferecer um uso de lazer no Centro, com cafés e bares nas calçadas, esquinas e praças. Mas desde que com todos os recursos para que se acolham os que irão para lá para pedir comida dinheiro ou qualquer coisa que importune.
Eduardo Carlos Pereira é arquiteto e urbanista (edupereiradesign@gmail.com)