Divulgado pelo Jornal de Jundiaí no último dia 15, a abertura do processo de tombamento do Estádio Jayme Cintra do Paulista Futebol Clube. O Compac está levantando todos os dados para justificar e identificar a importância do estádio, situado no bairro Jardim Pacaembu.
Lugar de concentração de milhares de torcedores durante todo o período de seus 66 anos, o estádio é projeto de Vasco Venchiarutti, que, além de arquiteto e engenheiro, foi prefeito eleito duas vezes em Jundiaí.
Aqui vale lembrar o evidente interesse de Vasco em esportes que fomentava a cidade e que levou à construção do "Bolão" e toda a praça de esportes, adjacente, com os jogos do interior no final dos anos 1950.
O Jayme Cintra fazia parte dessa intenção de promover o esporte e trazer para Jundiaí grandes contingentes de público, como em 1969, quando recebeu o jogo do Santos de Pelé contra o Galo de Jundiaí, que acabou com a vitória do Santos por 2 a 1. A história do Clube confunde-se com a própria história do futebol no estado de São Paulo.
Charles Miller foi considerado pai do futebol brasileiro pois viria a realizar e impulsionar os jogos com divulgações e marketing quando veio da Inglaterra para trabalhar na São Paulo Railway, popularizando o esporte e as regras "oficiais". Assim ele levou o credito de que trouxe o futebol para o Brasil, mas muitos estudiosos contestam essa versão.
Segundo o Historiador e professor da PUC de Campinas José Moraes dos Santos Neto, em seu livro "Visão do Jogo -Primórdios do Futebol no Brasil", antes disso o futebol já era praticado no ginásio do Colégio São Luís de Itu, desde 1889, e identificou também que, em Petrópolis, padres jesuítas incentivaram os jogos nos colégios. Mas somente em abril de 1894, com os jogos entre os funcionários da Companhia de Gaz de São Paulo e da São Paulo Railway, considerados de altos escalões, que o futebol passou a entrar para história. O jogo da elite despertou grande atenção do público e passou a ser considerado o ponto inicial do futebol brasileiro.
A melhor notícia, no entanto, é de que em 1903 funcionários da Companhia Paulista de Estradas de Ferro fundaram o Jundiahy Foot Ball Club. Especialmente ingleses, escoceses e seus descendentes, vieram para Jundiaí por volta de 1890 para a implementação de escritórios e oficinas da ferrovia. Inicialmente utilizavam um terreno próximo às oficinas da ferrovia, no atual Espaço Expressa.
Após 5 anos, o Jundiahy Foot Ball Club desapareceu, mas pouco tempo depois, em 1909, os funcionários da Companhia decidem refundar - conforme Claudio Lucato em seu livro Jundiahy Foot Ball Club ou Paulista F. C. - "em frente a Locomotiva nº 34, estacionada no pátio de manobras, perto da fundição, o Paulista Foot Ball Club". Assim, ali fizeram um campo e praticavam o jogo.
O Paulista Futebol Clube tem tudo a ver com essa história. E seu estádio, assim como os bens aderentes, como fotos, troféus, medalhas e documentos precisam ser considerados, e preservados.
É importante ressaltar que os sucessivos conselhos que se formaram para a construção do estádio no período anterior à sua realização foram de um esforço incontido dos conselheiros, com momentos de frustração e de êxito. Esse esforço desses times está reconhecido e pode ser identificado nos nomes das ruas de Jundiaí, Aí está a história que nós não vemos e vai aparecer.
Eduardo Carlos Pereira é arquiteto e urbanista (edupereiradesign@gmail.com)