Um assunto que não estava na pauta de ontem da Câmara de Jundiaí acabou tomando mais de uma hora do tempo da sessão e esquentando o clima no plenário. Trata-se da privatização da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), proposta que foi retomada pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e que foi amplamente debatida no Legislativo jundiaiense com a presença de sindicalistas.
Primeiro orador inscrito na Tribuna Livre, Eluiz Alves de Matos, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias de São Paulo, discursou sobre a história e a importância da ferrovia paulista para Jundiaí e apelou para que os vereadores abraçassem a causa contra a privatização, que já passou pelas linhas 8 e 9.
“Isso provoca atrasos, superlotação e usuários em risco.Nós não queremos trazer esse modelo para a linha 7 da CPTM também”, disse, em referência a uma das medidas que seriam tomadas caso a privatização aconteça, que é a inclusão da linha 7 (rubi) no programa do Trem Intercidades - que ligará São Paulo a Campinas - e o contrato de R$ 71,2 milhões, para elaborar o estudo para a privatização das linhas restantes: 10 (turquesa), 11 (coral), 12 (safira) e 13 (jade).
Após ser aplaudido pela plateia, que segurava cartazes e gritava “Não, não, não à privatização”, Eluiz foi seguido de uma sequência de debates entre os parlamentares, que discordaram entre si sobre o tema. O vereador Romildo Antônio (PDT) foi o primeiro a falar, solicitando urgência da moção nº 509, de sua autoria, em repúdio ao governo do Estado de São Paulo pela concessão das linhas 8 e 9 da CPTM, bem como das linha 7, 10, 11 e 13 que estão em estudo.
Ele defendeu a causa dos sindicalistas e foi parabenizado por Faouaz Taha (PSDB) e por José Antonio Kachan Júnior (DEM), mas a moção foi por fim rejeitada, com 10 votos contrários. Juninho Adilson (PP) subiu à tribuna e iniciou sua fala afirmando que teria “cautela” ao votar uma moção como essa, mas, após vaia do público presente, elevou o tom e mostrou total apoio à proposta do governo estadual.
“Tudo o que é estatal funciona só como cabide e emprego, e não é isso que a gente quer pro nosso país. O Tarcísio tá certo e tem que privatizar sim, urgente”, disparou.O parlamentar foi apoiado por Madson Henrique (PL), que disse que o colega foi feliz em representar “uma parcela da população jundiaiense”.
Douglas Medeiros (PSDB) foi o último vereador a pedir a palavra sobre a pauta e arriscou um caminho do meio. “Sou contrário à moção, mas favorável a buscar uma alternativa, de repente por meio da Assembleia Legislativa de São Paulo, para garantir a permanência desses profissionais após a privatização, porque são eles que pagam o preço.”
A PAUTA
Na tarde de ontem (30), o Jornal de Jundiaí procurou a Secretaria de Parcerias em Investimentos (SPI), que informou, por meio de nota, que “a concessão da linha 7-Rubi, operada pela Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), faz parte de um projeto maior, o do Trem Intercidades (TIC) Eixo Norte, que ligará a capital a Campinas”.
Disse, ainda, que o edital já foi lançado, e que “a previsão é de que o leilão ocorra até o fim de novembro deste ano”.
Comentários
3 Comentários
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Cleide Maria de Quadros Batista 04/06/2023Os vereadores que votaram contra a moção desconhecem os prejuízos que a Privatização causam à população.Estão alienados das causas públicas. -
Vinicius Brahemcha 04/06/2023É desonesto condicionar a chegada do tão aguardado Trem Intercidades para Campinas à privatização da linha Rubi. Uma coisa não tem nada a ver com a outra. A população quer poder ir de trem pra Campinas, mas não quer que a Linha 7 fique igual à linha Esmeralda, que acumula falhas de segurança, teve morte, trens lotados e paralisados no meio da linha após a concessão pro Grupo CCR (Via Mobilidade), a mesma que gere a linha Amarela e a rodovia Bandeirantes. -
Sergio 01/06/2023Infelizmente a maioria dos vereadores não dão a mínima para o povo que utiliza trem. Regiões como Osasco, por exemplo, onde ja houve a privatização a ideia de votar uma moção de repudio partiu do próprio município, que ja sente o descontentamento da massa que ve, diariamente, a decadência desse transporte, ja em tão pouco tempo.