Opinião

Holocausto no Solar do Barão

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A exposição "Holocausto: para que nunca se negue, para que nunca se esqueça e para que nunca mais se repita" está em cartaz em Jundiaí, no Museu Histórico Solar do Barão. Trata-se de uma acurada mostra a respeito da intolerância e do totalitarismo que chegam ao poder junto com o regime nazista, na Alemanha da década de 1930.

Um cuidado essencial dos organizadores foi demonstrar que a barbárie não nasce ao acaso, do dia para a noite, mas que é gestada cuidadosamente, disseminada por preconceitos e estereótipos repetidamente espalhados. Dessa maneira, a mostra começa com o fim da Primeira Guerra Mundial, quando a combalida Alemanha e muitos de seus políticos e militares lidam mal com a derrota. Atribuem o fracasso bélico a inimigos internos, a "traidores da pátria" infiltrados. Em textos claros, enxutos e informativos, painéis e fotos contam a história política da Alemanha na agitada década de 1920, e do nascimento do minúsculo partido nazista na Baviera. Informa da triunfal marcha dos fascistas italianos sobre Roma e da chegada ao poder de Benito Mussolini. Os nazistas tentam repetir os fascistas, mas fracassam na sua tentativa de golpe. Presas as lideranças, o partido nazista poderia ter sumido do mapa. Mas não. Há um crescimento exponencial em suas fileiras. Um dos muitos méritos da mostra é o de pulverizar responsabilidades. Dessa maneira, o Tratado de Versailles - no qual França e Inglaterra impuseram pesadas penalidades aos alemães - aparece como um dos, mas não o único responsável pela boa acolhida que o nazismo teve perante muita gente. O caldo de intolerância e preconceitos estava sendo elaborado há tempos. Regimes totalitários variam em métodos e ideário, mas mantêm afinidades. Como a perseguição à ciência e ao conhecimento. E a mostra exibe com muita propriedade esse receituário. Totalitários odeiam a discordância e perseguem os contrários. Nada mais antigo e nada mais repetido ao longo dos tempos.

Nesse contexto, a ladração nazista contra comunistas, socialistas e liberais soa como melodia ao ouvido de muita gente. A começar por nomes milionários e conhecidos: Krupp, Porsche, Boss, Benz... O grande capital associou-se aos nazis na sua perseguição ao sindicalismo (na época recheado de esquerdistas de toda cor) e a qualquer noção de liberalismo social. Com a chegada ao poder por meio do voto, os nazistas tratam de destruir a democracia liberal alemã. Concentram o poder na mão de seu líder, Adolf Hitler. Seguem promovendo perseguições e violências. A eutanásia para gente com defeito físico foi uma das atrocidades perpetradas. Os campos de extermínio, outra delas. Mais os terrores da Segunda Guerra Mundial. A exposição se detém em depoimentos, fotos e instalações que aproximam o visitante desse horror planejado e executado.

Promovida pela Unidade de Cultura da Prefeitura de Jundiaí, pelo Memorial da Imigração Judaica de São Paulo e pelo Consultado Geral da República da Lituânia, a exposição segue até 6 de agosto. Abre de terça a domingo, das 10 às 17 horas. A entrada é gratuita. E a presença, fundamental.

Fernando Bandini é professor de Literatura (fpbandini@terra.com.br)

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