HOLOCAUSTO

Memória e emoção em exposição

A abertura oficial ocorreu na Sala Jahyr Accionaly de Souza

Por Yasmim Dorti | 14/05/2023 | Tempo de leitura: 2 min
Jornal de Jundiaí

Divulgação

A inauguração da exposição contou com dois sobreviventes
A inauguração da exposição contou com dois sobreviventes

Nesta quinta-feira (11), aconteceu a inauguração da exposição "Holocausto: para que nunca se negue, para que nunca se esqueça e para que nunca mais se repita", no Museu Histórico e Cultural - Solar do Barão.

A abertura oficial foi realizada na Sala Jahyr Accioly de Souza, seguida da visita pelas instalações, com a presença de Ariella Pardo Segre e Gabriel Waldman, judeus sobreviventes do Holocausto, que fizeram discursos emocionados sobre suas memórias de infância da chegada das tropas nazistas Itália e a Hungria, respectivamente, seus países de origem, e fizeram enfáticas manifestações da importância sobre o diálogo, respeito às diferenças e o acolhimento do Brasil.

A sobrevivente Ariella Pardo Segre, nasceu na Itália e mora no Brasil atualmente. "O fascismo adiantou uma parte do processo e, nessa altura, tinha ódio contra os judeus. O primo do meu pai tinha escapado de um campo de concentração, foi encontrado por um guarda do campo e morto na rua, em Milão. Não tenho contabilidade das perdas da família, não se fala dos mortos", contou. "A propaganda fascista continuou, a palavra 'judeu' era insulto. Vim muito depois para o Brasil e a entrada era bastante dificultada pelo Getúlio Vargas. Só podia entrar no país quem era capitalista, precisava mostrar que tinha dinheiro. E uma coisa interessante me aconteceu aqui, em Botucatu, onde fui morar. Vi material de propaganda fascista na biblioteca, coisa que já não tinha nem na Itália. Falaram que devia ser preservado por ser história", ressaltou.

Gabriel Waldman, também sobrevivente, nasceu na Hungria e deu seu depoimento. "Eu vim para cá em 1952, 7 anos depois do fim da guerra. O Brasil foi o único país que nos aceitou, porque não tínhamos arrimo de família, meu pai faleceu na guerra e eu era criança. Uma pessoa que ajudou muito os judeus a virem para cá foi Guimarães Rosa", conta ele sobre o intelectual brasileiro, casado com Aracy de Carvalho, conhecida como Anjo de Hamburgo por conta do suporte dado a judeus para que entrassem ilegalmente no Brasil durante o governo Vargas.

"A Hungria era fascista, como a Itália. O país foi aliado de Hitler, mas não chegou a ser nazista. Em 1944, já no fim da guerra, o governo húngaro tentou fazer paz com os Aliados, quando a guerra estava praticamente vencida por este grupo, mas os alemães descobriram e invadiram a Hungria. Três semanas depois, partiu o primeiro trem para Auschwitz. Da minha família paterna, morreram todos. Do lado da minha mãe, sobraram algumas pessoas. Mais de 50% dos judeus húngaros morreram no holocausto", ressaltou.

A exposição fica em cartaz até o dia 6 de agosto, com entrada gratuita e faixa etária indicada para maiores de 12 anos. Crianças menores dessa idade poderão fazer a visita somente se acompanhadas de adultos responsáveis. O Museu fica na rua Barão de Jundiaí, 762, no Centro, e fica aberto, com entrada gratuita, de terça-feira a domingo, e feriados, das 10h às 17h.

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