1 kg de tomatinhos-cereja
1 cebola média
3 dentes de alho
1/2 pimentão vermelho (opcional)
2 xícaras (chá) de água
2 colheres (sopa) de azeite
1 pitada de pimenta calabresa
1 pitada de páprica doce
sal e pimenta-do-reino a gosto
folhas de manjericão
Se existe uma comida identificada com mãe é a sopa.
Talvez por conta das primeiras papinhas que ela cozinha, preparando o bebê para os sólidos e, também, para outros sabores que não sejam os do leite. Talvez por que quando as crianças ficam doentes, a canja com arroz bem cozido e cenoura em rodelinhas seja quase sempre a primeira opção de alimento em que ela pensa. Talvez também devido ao fato de que nas primeiras contrariedades da vida adulta, ela reconforte a filha, o filho com um caldo bem generoso nos ingredientes, nas porções, no carinho. E quando a filha tem seu bebê, lá vem a sopa de parida, delicioso caldo de galinha engrossado com farinha de milho. No Nordeste dizem que ajuda o leite materno a subir.
Pertenço ao grupo de humanos que gostam de sopa. No Oriente, ela faz parte de todas as refeições; basta ver no Youtube quantos bols cheios de legumes envolvidos por caldos colorem as mesas da primeira a última refeição. Café, leite, pão com manteiga? Esqueça, nem sabem o que seja tal combinação. Aliás, a dieta deles, pobre em gorduras, deve ser uma das razões de serem magros.
O saudoso escritor e psicanalista Rubem Alves, também amante das sopas, costumava reclamar do fato de no Brasil não termos restaurantes especializados nesse item de menu. Temos os sopões, é verdade, em geral na forma delivery, mas limitados. Ele também dizia que se na eternidade lhe fossem oferecidas apenas sopas, ele as consumiria com todo prazer, sem enjoar. Mas sopa não é unanimidade entre brasileiros. Talvez porque o clima tropical, a temperatura mais quente na maior parte do ano, e a própria cultura miscigenada não tenham dado oportunidades de estabelecer um padrão e um gosto.
Estamos no fim do outono e como costumo fazer, vou começar a apresentar aqui receitas de sopas para quem delas gostar. Hoje a sugestão é uma que considero deliciosa, além de possuir bonita apresentação. É preparada com tomatinhos-cereja bem maduros, temperados com algumas especiarias, levados ao forno até que fiquem macios. Depois de mornos eles são batidos no liquidificador, colocados numa panela e acrescidos com água, mantendo-se o fogo baixo até que o caldo ganhe a consistência desejada. É servido com uma folha de manjericão para perfumar e pedaços de pão, de preferência italiano, para mergulhar.
Quer aprender? Vamos aos passos.
Primeiro higienize os tomates e a metade do pimentão. Divida os primeiros ao meio e o segundo em tiras. A cebola é cortada em seis gomos e não é necessário despetalar, pois isso as secaria rápido demais. Depois de descascar os dentes de alho, esmague-os para que liberem seu aroma particular, fatiar não confere ao preparo o mesmo efeito. Misture cebola, alho, tomates, sal, pimenta-do-reino, pimenta calabresa, páprica doce, pimentão em tiras (se for usar). Coloque tudo numa assadeira e regue com o azeite. Cubra com papel alumínio e leve ao forno já aquecido por cerca de 20 minutos, ou até que os legumes estejam macios. Retire do forno para que não ressequem e deixe amornar. Quando isso acontecer, transfira os legumes assados para o liquidificador e agregue metade da água. Tampe e bata até a sopa ficar lisa. Coloque a mistura numa panela e junte o restante da água, mexendo de vez em quando. Deixe ferver e apurar por alguns minutos, até obter a textura de que mais goste. Sirva bem quente, colocando em cima de cada prato uma folha de manjericão.