A microeletrônica é uma área da eletrônica que se concentra no design, fabricação e aplicação de componentes eletrônicos em escalas muito pequenas, em mícrons (10 mil micros = 1 cm). Essa área é responsável pela velocidade dos nossos computadores, celulares e sensores, mas também está presente em muitos outros bens de consumo que nem imaginamos.
A microeletrônica ajudou a impulsionar o desenvolvimento da tecnologia e moldar o mundo como o conhecemos hoje. Basicamente, a microeletrônica desenvolve transistores, diodos, capacitores e circuitos integrados. Os nomes podem ser estranhos, mas as aplicações são conhecidas: aspiradores de pó, máquinas de lavar roupa, brinquedos eletrônicos, videogames e, é claro, computadores, celulares, aviões, sistemas embarcados em carros (sistemas de som, computadores de bordo, scanners de defeitos), inteligência artificial, sensores de pedágios e muito mais.
Embora os impactos sejam significativos e já estejamos acostumados com essas inovações, a microeletrônica é uma área relativamente recente. A primeira grande invenção foi o transistor, em 1947, utilizado para amplificar sinais eletrônicos, permitindo a criação de microfones e amplificadores. Em 1958, criou-se o circuito integrado ou chip, que permitiu que milhares de transistores fossem colocados em um único espaço micro, tornando a tecnologia mais compacta e eficiente. Treze anos depois, a Intel criou o primeiro microprocessador, permitindo a criação de computadores pessoais. A memória flash em 1980 otimizou drasticamente a capacidade de armazenamento de dados. Nos anos 1990, a microeletrônica se expandiu para uma ampla variedade de aplicações, incluindo telecomunicações, automação industrial, dispositivos médicos e sistemas embarcados. Dez anos depois, surgiu a Internet das Coisas (IoT), que é uma rede de dispositivos eletrônicos interconectados que se comunicam entre si, permitindo a automação de muitos processos e a criação de novos serviços e aplicativos. Atualmente, a tendência é a supercondutividade, bem como inteligência artificial e computação quântica.
A supercondutividade é um fenômeno físico em que certos materiais, quando resfriados a temperaturas extremamente baixas, perdem toda a resistência elétrica e conduzem eletricidade sem dissipar energia térmica. O impacto na indústria automotiva, por exemplo, é significativo, especialmente no que diz respeito à eficiência energética e ao desempenho dos veículos elétricos, aumentando sua autonomia. Além disso, os materiais supercondutores também podem ser usados em sistemas de armazenamento de energia, como baterias, tornando-as mais leves, compactas, eficientes e aumentando sua vida útil. Em pouco tempo, por conta da supercondutividade, teremos trens de levitação magnética, reduzindo a dependência do combustível fóssil; ressonância magnética mais potente, permitindo diagnósticos mais precisos e tratamentos mais eficazes; distribuição de energia elétrica mais eficiente com menos perda. A tecnologia pode ser micro, mas o impacto é super.
Elisa Carlos é engenheira, especialista em economia, empreendedorismo e inovação (elisaecp@gmail.com)