Opinião

Escola: lugar de escuta e acolhimento

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No próximo sábado (28), comemora-se o Dia Mundial da Educação. Esta data foi instituída em 2000 por líderes de 164 países, entre os quais o Brasil, no Fórum Mundial de Educação da Unesco, realizado em Dakar, no Senegal. O objetivo era simbolizar o compromisso dessas nações com o desenvolvimento da educação até 2030.

A boa formação das crianças e dos jovens é, e sempre deve ser, a prioridade de todos, como já abordamos em outras oportunidades neste espaço. Mas neste ano, especialmente, cabe uma reflexão maior sobre o momento pelo qual estamos passando na educação, com os ataques a escolas e as recentes ameaças que têm surgido.

Entre 2002 e 2022, houve pouco mais de duas dezenas de ataques. No segundo semestre do ano passado, foram registrados quatro e, desde o início do ano, cinco. Conter essa escalada não é tarefa simples e exige engajamento de toda a sociedade em várias frentes. Neste momento agudo, reforçar a segurança das escolas é necessário, mas há que se tomar cuidado para não assemelhá-las a presídios. Afinal, o ambiente escolar tem de ser, antes de tudo, um espaço de acolhimento.

Como, infelizmente, os Estados Unidos vivem uma epidemia desses episódios de violência há mais de duas décadas, o efeito contágio está bem documentado. Ou seja, quando ocorre um, a tendência é que ocorram outros.

Por isso, a imprensa precisa ter muita responsabilidade na hora de noticiá-los, da mesma forma que já faz com o suicídio - que também sofre o efeito contágio. Neste sentido, vários veículos recentemente tomaram a correta decisão de não divulgar nomes e mensagens de quem comete esses ataques, nem imagens do ato.

Da mesma forma, a responsabilidade das redes sociais é imensa, pois é nesses meios que informações, fake news, imagens e estímulos à violência correm sem freios. O governo federal apertou o cerco a essas empresas, inclusive juridicamente, cobrando colaboração. E, com inteligência policial, conseguiu importantes avanços.

Em apenas dez dias, as redes sociais retiraram 756 perfis do ar por influenciarem ou estimularem episódios violentos nas escolas; 225 pessoas foram presas ou apreendidas; 694 adolescentes e adultos foram intimados a depor em delegacias; houve 155 buscas e apreensões; e 1.595 boletins de ocorrência foram registrados. Além disso, operação da Polícia Civil cumpriu dez mandados de internação de menores em cinco estados, a partir de investigações do ataque em Blumenau (SC).

Porém, os desafios vão muito além. As escolas devem focar no bem-estar físico e mental dos alunos, com apoio de especialistas, pedagogos e psicólogos. O estado de São Paulo, por exemplo, além de contratar empresas privadas de segurança que atuarão com equipe desarmada, está recrutando 550 psicólogos para atender a rede pública.

É preciso coibir o bullying, detectar precocemente alunos que necessitam de acompanhamento individual, difundir a cultura da paz, da inclusão, da diversidade e trabalhar as habilidades socioemocionais das crianças e jovens de forma contínua e permanente.

Mais do que nunca, também, a desejável parceria entre escola e famílias deve ser firme. Cabe aos pais estar atentos aos filhos, acompanhar o que veem, leem ou postam nas mídias sociais e acionar a rede de apoio (psicólogos, professores, orientadores) quando houver necessidade.

A escola é o templo sagrado da educação, lugar de escuta e acolhimento. Não se pode permitir que seja violado.

Vandermir Francesconi Júnior é 2º vice-presidente do Ciesp e 1º diretor secretário da Fiesp (vfjunior@terra.com.br)

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