Inacreditável que nossa ferrovia, sendo o eixo que fez o desenvolvimento do interior paulista no século XIX, hoje é a mesma que contempla a linha vermelha do metrô. E pasmem sem alterações.
Se o desenho foi o melhor em seu tempo, essa semana provou que a mesma linha demonstra que foi orgulho do Estado, no século XIX agora, o fato que assistimos por horas em Franco da Rocha, deveria ser assustador. Mas não é!
As pessoas, acostumadas com o evento, já interagem com as águas, com os patrões e com o que as espera no dia seguinte: aquela região inundada com o rescaldo. Como num filme, com previsão e roteiro, tudo acontece e sai igual a todos os anos anteriores.
Incrível a incapacidade do estado de não resolver esse problema endêmico. Os setores de planejamento evidentemente já identificaram que não era possível em áreas passiveis de alagamento, como em outras cidades similares, continuem como estão! Obvio que o estado precisa colocar em segurança e em funcionamento a cidade que está acostumada a ser inundada.
Falo isso não só pela circunstancia em si; Franco da Rocha é uma parada de trem que cresceu de qualquer maneira, e a partir do trem o estado não fez nada. Não acontece uma ação séria e necessária pra tirar Franco da Rocha dessa situação de pária ao lado das cidades ricas como a regia metropolitana de Jundiaí.
Todo dia assistimos os mesmos controles pelo “Bom Dia Brasil”, às 7hs a linha rubi sempre está em ritmo lento, muito inferior ao que se espera do ritmo econômico dessa região que se diz rica, e é!
Políticos se empenharam para fazer a necessária linha de trem SP – Campinas, essencial pra que possamos dizer que estamos em um nível de desenvolvimento urbano! Mas cada um, à sua maneira, não consegue dar sequência nessa implantação tardia de sistemas de mobilidade.
Com previsão de gastos de mais de 30 bilhões, a ligação de trem de velocidade entre São Paulo e Campinas só estará em uso em 2030. Mas desde já podemos antecipar problemas de execução que vão interferir ainda mais no funcionamento das linhas atuais.
Sabemos que durante os 7 anos, até o início do funcionamento da nova linha, a qualidade da mobilidade vai piorar, como estamos vendo. Como ficará a mobilidade entre Jundiai e São Pulo, passando por Franco da Rocha, e onde são identificados lugares sensíveis a inundação que reduzirão a velocidade e até poderão paralisar a circulação de trens? Como essas questões não são tratadas com o possível remanejamento da área urbana atingida?
O que salvou de críticas essas linhas caducas foi a pandemia. Com o isolamento ninguém reclamou de quanto é tudo péssimo pra se locomover, digo isso no tempo de percurso. O horário nunca mudou, o tempo de locomoção sempre foi similar, nunca melhorou, só piorou. Para ir a São Paulo é normal levar 1h20 minutos a séculos.
Agora, com as alterações climáticas, tudo está muito alterado e também esse horário não é o que acertava os relógios.
Fazer dois piscinões é uma alternativa técnica do tempo do Maluf. Ele gostava de fazer essas obras, que agora são reeditas em Franco da Rocha.
Como o centro está sendo cada vez mais consolidado, parece uma irresponsabilidade técnica não fazer nada ou fazer piscinões que, vão custar cerca de 230 milhões. Franco da Rocha é um problema de estado, sabemos que as moradias em encostas continuam em estado de alerta, e a região central em um desconfortável estado de possível alagamento, mesmo depois das chuvas.
Um centro de cidade me parece um bom motivo de um concurso público de conhecimentos múltiplos pra relocar esse que surgiu sem planejamento e em lugar estrategicamente de alagamento do Rio Ribeirão Eusébio.
Eduardo Carlos Pereira é arquiteto e urbanista (edupereiradesign@gmail.com)
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Daniel Barbosa 22/04/2023CPTM significa: Caos, Pânico, Transtorno, Medo. Só quem somos usuários dessa empresa sabemos muito bem o que isso quer dizer