OPINIÃO

Família espiritual e família corpórea


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Existem as famílias espirituais e as famílias corpóreas. As espirituais, ligadas pelos laços do espírito, pelas afeições, pela semelhança das inclinações e pelas afinidades, são perenes. Fortalecem-se pela depuração, crescimento e evolução dos seres e reencontram-se na dimensão extrafísica, através das diversas reencarnações e desencarnações do Espírito imortal. A encarnação apenas os separa momentaneamente, porque, ao regressarem ao mundo espiritual, reúnem-se novamente como familiares e amigos que voltam de uma viagem. Assim, a família espiritual é duradoura e a ligação entre os seus integrantes permanece mesmo após as idas e vindas entre o mundo material e o espiritual. Os seus laços não sofrem destruição alguma com as inúmeras migrações do Espírito, ao contrário, tornam-se cada vez mais fortalecidos e apertados.

Muitas vezes, os membros de uma família espiritual seguem juntos na mesma encarnação, vindo reunir-se numa mesma família corpórea, ou num mesmo círculo de amizade, a fim de trabalharem pelo seu mútuo adiantamento. Se uns encarnam e outros não, permanecem unidos pelo pensamento, os que estão desencarnados velam pelos que se acham encarnados e os mais adiantados se esforçam por fazer com que os retardatários progridam. No livro "Entre a Terra e o Céu", do Espírito André Luiz, psicografado por Chico Xavier, a família espiritual é definida como "uma constelação de Inteligências, cujos membros estão na Terra e nos Céus".

Para cada um de nós que reencarna, existe uma programação para que a escolha da nossa família corpórea seja a mais adequada à nossa evolução e, tendo condição evolutiva para tal, nós participamos ativamente deste processo. Quando encarnamos numa mesma família, sobretudo como parentes próximos, podemos ser Espíritos simpáticos, ligados por relações anteriores, que se traduzem pela afeição durante a vida terrena. Mas, pode ainda acontecer que sejamos completamente estranhos uns para os outros, separados por antipatias igualmente anteriores, que se traduzem também por seu antagonismo na Terra, a fim de nos servir de prova ou expiação. Deus, em sua infinita bondade, sempre nos oferece inúmeras oportunidades de reajuste, fazendo com que encarnemos em uma mesma família com nossos inimigos; como pais, filhos ou irmãos, a fim de que possamos, através do amor que existe entre esses familiares, sublimar desavenças muito antigas e persistentes. Algumas vezes precisamos de mais de uma encarnação como familiares próximos, para que possamos corrigir animosidades seculares, às vezes milenares, promovidas pelos nossos equívocos pretéritos.

Ainda que não seja possível ter certeza da ligação existente entre cada um de nós e os membros de nossa família corpórea, uma coisa é certa, as pessoas do nosso convívio familiar não são mera coincidência, pois a Doutrina Espírita nos ensina que o acaso não existe. Chico Xavier nos fala: "Já vivemos muitas vezes, estamos com as pessoas certas para ajustarmos os nossos corações e resolvermos os nossos problemas. Na reencarnação ninguém erra de endereço". Assim, ninguém cruza o nosso caminho por acaso e nós não entramos na vida de alguém sem alguma razão.

Eduardo Battel é médico urologista, expositor Espírita e Coordenador da Liga de Medicina e Espiritualidade da FMJ

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