Anualmente, desde 1989, o International Institute for Management Development (IMD) - uma instituição dedicada ao estudo do gerenciamento empresarial com sede na Suíça - publica o ranking de competitividade das nações. Em seu último relatório, o Brasil está em 59º lugar. E nosso fiasco não para aí: no item mais importante - a educação de crianças, adolescentes e formação profissional - estamos na última posição.
Dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP) confirmam nossa deficiência: somente a metade (51%) das crianças nas escolas públicas no 5° ano do ensino fundamental aprende o mínimo de Português. E, em Matemática, pouco mais de um terço (37%).
São números estarrecedores. Simplesmente não podemos ficar indiferentes a esses resultados, ainda mais quando sabemos que na Nova Economia, baseada na tecnologia, o avanço se dá pelo aumento do Conhecimento, ou seja, pela qualidade da educação.
As urgentes carências nacionais exigem, é claro, medidas paliativas como o Bolsa Família e outras ações assistenciais, e assim continuaremos se não avançarmos estruturalmente, plantando hoje as sementes que nos garantirão um futuro melhor. Para isso, a prioridade é a melhoria da Educação.
Jundiaí serve de exemplo: na contramão da estagnação nacional nessa área, nossa cidade avançou e hoje está no primeiro escalão: no Ranking de Competitividade dos Municípios Brasileiros de 2022 estamos no 11°lugar.
Para chegar a essa posição, embora poucos tenham isso claro, a qualidade do saneamento básico jundiaiense - na medida em que concorre para a melhoria da saúde dos alunos e, consequentemente, para a melhoria do seu desempenho escolar - foi essencial. Ou seja: não haverá avanço na formação de nossos alunos se não melhorarmos substancialmente a qualidade do saneamento básico nacional.
Na área específica da educação, para proporcionar às novas gerações, aos nossos filhos e netos, um ensino de qualidade, capaz de manejar as novas tecnologias, como o 5G e a IA (Inteligência Artificial), a chave é a capacitação permanente do professorado. Investir na formação e na constante atualização do professor é, definitivamente, o que faz a diferença.
Os instrumentos para isso estão à mão: contamos hoje com ferramentas digitais e tecnológicas que oferecem novas maneiras de melhorar a qualidade da socialização e do ensino, além de serem valiosas para educadores na identificação das necessidades de cada aluno. E mais: plataformas digitais e aplicativos podem ser usados para envolver os pais na educação dos filhos.
Centradas nas crianças, essas ferramentas, além de familiarizar os alunos com os recursos modernos, são úteis para a educação socioemocional, ensinando habilidades como empatia, resolução de conflitos e pensamento crítico, essenciais para o sucesso futuro da criança, tanto na escola quanto na vida. Nesse mesmo sentido, a colaboração entre pais e educadores tem levado à criação no ambiente escolar de espaços de interação entre ambos, oferecendo com isso oportunidades para que os pais se envolvam mais diretamente na educação dos filhos.
As escolas públicas, para fazer frente a esse desafio, têm, forçosamente, de ter acesso a tecnologias educacionais de ponta, entre outros recursos que possibilitem o acesso a conteúdos digitais de qualidade e promovam uma aprendizagem alinhada com as demandas do mundo contemporâneo.
Utopia? Há escolas, nos rincões, que têm dificuldade em conseguir giz para escrever na lousa!
Independente de partidos e ideologias, temos de nos unir, enquanto nação, em torno desse passo decisivo: não há - quando pensamos na construção de um país melhor - outra prioridade senão investir para valer na melhoria do ensino nacional. Não há outro caminho. Não há outra saída.
Não por outra razão Bill Gates, reconhecida liderança na área da tecnologia, ao ser indagado sobre o que seria mais importante para construirmos um mundo melhor, respondeu ao seu interlocutor: "Educação, educação, educação".
Miguel Haddad é advogado, foi deputado e prefeito de Jundiaí (miguelmhaddad@gmail.com)