Há um texto que me seduz do poeta Mario de Andrade no seu Valioso Tempo Dos Maduros. Escreveu assim: "Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para frente do que já vivi até agora. Um viver onde o maior prazer encontrado deva ser a alegria do convívio e não a mediocridade das aparências".
Tanto àqueles que aqui nasceram como tantos outros que adotaram esta terra e sua filosofia de vida, sabem do que estou falando. Como nos versos do hino da cidade, da inesquecível professora Haydée, teus filhos amantes são de ti. A cidade conta com as vantagens de uma metrópole, e guarda no seu seio as virtudes de uma província. Jundiaí se diferencia de outras plagas, graças ao esforço, trabalho e abnegação de comunidades, que transformam cada canto desta cidade num lugar de fé, amor e bondade. A tradição se mantém através de gente, que acredita. Acredita no que faz. Assim sempre começou a temporada das festas de outono. A paróquia e a fé. O ser humano e a gratuidade de espírito. Que venham as nossas saborosas festas tradicionais, que tanto cativam estes nossos bucólicos torrões. Comunidades que realçam as fortes raízes da solidariedade. Creia que assim nasceram as festas do Caxambu, da Roseira, da Toca, as Luzes da Ponte, a italiana da Colônia, a portuguesa da Vila Arens, a Trezena do Anhangabaú, Cidade Nova e Curropira, a Vicentina do Retiro, Eloy Chaves. A veneração sacra dos fiéis a São Roque, São Sebastião, Santa Rita de Cássia, São João Batista, Nossa Senhora da Conceição, do Montenegro, Santo Antônio, São Vicente de Paulo, São Roque. Bom Jesus e São Genaro. Além da italiana da Colônia, a da Padroeira de Nossa Senhora de Montenegro, as tradicionais do bairro da Terra Nova e da bucólica Varginha, os eventos festivos do querido Clube das Ladies e as inúmeras e alegres festas juninas. Basta estar numa destes encontros para sentir a palpitação de vidas individuais. Não há descrença e nem lamúrias. Há brilho nos olhos e sorriso nos lábios.
Há uma bela aglomeração de pessoas, melhor ainda, seres humanos, verdadeiros voluntários da bondade, impulsionados por uma corrente de solidariedade. Se não me equivoco, essa é a grande potência destes bairros de uma cidade, e seria um tremendo erro deixá-la perder ou mudá-la para outra forma de convivência. Festivos eventos que se tornam inesquecíveis. Quero sim a canção da volta, quero sim estas festas de volta. Quero sim ao lado dos amigos, colher na simplicidade do afeto, o alimento que ainda me resta. Na vida, não vale a pena viver, para depois se arrepender. Fico com os Titãs, como espelho deste amor e vontade: "Devia ter amado mais, ter chorado mais, ter visto o sol nascer. Devia ter arriscado mais, errado mais, ter feito o que eu queria fazer. Queria ter aceitado as pessoas como elas são..." Talvez possam dizer que estou pintando este outono com cores carregadas demais. Meu pensamento único é enviar uma mensagem de otimismo e entusiasmo a todos. Precisamos com urgência, diante de nossos olhos, a beleza palpitante da aventura da vida.
Guaraci Alvarenga é advogado (guaraci.alvarenga@yahoo.com.br)