Opinião

Vem, não deixe pra depois

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Quer se queira ou não, até ao menos entusiastas, o Carnaval marca no calendário verde amarelo a nossa maior festa popular.

Não há como dissimular. Após a pandemia, a festa cresceu assustadoramente. Quer nos salões, nas passarelas do samba, em frente da TV, nos noticiários dos jornais e das revistas, na rapidez das rádios, o assunto é sempre Carnaval.

Os festejos carnavalescos nada mais representam do que a oportunidade de muitos de se extravasarem em tudo aquilo que gostariam de fazer, e por conveniência do cotidiano deixa de ocorrer.

Esta atitude fez com que os salões perdessem seus tradicionais e inveterados foliões para as ruas.

Milhares de foliões compõem blocos carnavalescos que se agigantam a cada ano que passa. Vejam o 'Chupa que é de Uva' encantando a abertura do reinado de Momo no Retiro. O 'Afro Kekerê' na União dos Ferroviários, 'Carnaoeste' no Almerinda Chaves. Hoje o mais tradicional 'Refogado do Sandi' explode os corações no Centro Histórico. Seguem 'Bloco Drop', 'Bloco Dick' e 'Bloco' Trash, na cidade administrativa, 'Ponte Torta' no Vianelo, 'Baile da Maravilha' na praça Rui Barbosa, 'Continuamos na Nossa' na Ponte São Joao, 'Bloco do Rato' no Jardim Novo Horizonte.

Surpresa geral. A saudosa marchinha está de volta. Abandonada, depois de alguns modismos de época, ressurgem avassaladoras de alegria nos corações de toda a gente. Até os mais jovens carnavalescos acompanham as nossa mídias sociais.

Quem não conhece a composição de Jararaca, a irônica "Mamãe, eu quero". Joubert de Carvalho, "Taí, pra você gostar de mim". Pedro Caetano, com um dos "É com esse que vou".Como esquecer de "Lata d'Agua" de Luis Antonio. A Turma do Funil. A Jardineira"(Orlando Silva)," Coitado do Edgar" (Linda Batista), "Não Me Diga Adeus" ( Aracy de Almeida), "Chiquita Bacana" (Emilinha Borba), "Tomara que Chova" (Vocalistas Tropicais), "Maria Candelária" (Blecaute), "A Lua é Camarada" (Angela Maria), "Até Amanhã" (Noel Rosa), "O teu cabelo não nega", Bandeira Branca (Dalva de Oliveira) e tantos outros sucessos de Lamartine Babo.

Salve a marchinha. Não pertence ao passado, nem ao presente. É cantada por jovens e velhos, porque a canção de amor jamais envelhece.

Quando nos salões, ouço o coro uníssono dos foliões ao cantarem a música de Zé Kéti: vou beijar-te agora/não me leve a mal/hoje é Carnaval/, sentimos toda a beleza, toda a liberdade, que só esta festa pode refletir. Começa o reinado da folia. A alegria e a irreverência imperam neste tempo de fantasia. Este reinado domina as emoções de todas as gerações. Não só pelas nuances de quem viveu momentos inesquecíveis, ou por quem sonha por estes momentos, mas também pela inolvidável trilha sonora de tão belas canções. E por falar em belas canções:

"Bandeira Branca/Amor/não posso mais/pela saudade que me invade/eu peço paz/saudade mal de amor, de amor/saudade dor que dói demais/vem, meu amor/bandeira branca/eu peço paz.

Não esperem 80 anos para darem valor a vida. Como é gostoso amar alguém. Viva o Carnaval. Viva a Vida.

Guaraci Alvarenga é advogado (guaraci.alvarenga@yahoo.com.br)

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