Existe uma grande preocupação por parte das autoridades, comerciantes e até a coletividade dos que trabalham e frequentam, com a revitalização do centro histórico da cidade.
Quem não há de se lembrar do "point" na Pauliceia, onde vicejava a juventude saudável, na paquera das moças bonitas. Os dois grandes cinemas, o Marabá na rua do Rosário e o Ipiranga na rua Barão, ponto de encontro obrigatório nas sessões de sábados. As agitadas brincadeiras dançantes no Clube Jundiaiense e no Grêmio da Rangel. A saída da missa matinal aos domingos, tanta gente graciosa e elegante. A "caipirinha" do Bar Redondo, os salgadinhos do restaurante Dada, a batida de coco e o "croquetinho" do Haiti, o filé com fritas da Cantina Jundiaiense.
O centro da cidade fervilhava. O centro histórico era o coração palpitante da cidade.
Os bares da noite. Ah! Os bares de então.
O Saveiro com suas cortinas vermelhas, que reluziam no copo de campari "on the rock". O creme de aspargos na madrugada fria. O bar do Lula com seu incomparável sanduíche de pernil. O Mirim Dog com seus deliciosos lanches. O aconchegante Shangri-la. O Zé do Papagaio. O Urso Branco. O nostálgico Bar da Vela do incansável Zinho com suas pescadas brancas grelhadas na brasa. O Ponto Chic. A Lanchonete Brasília, Saveiro, Cantina Jundiaiense, A Pauliceia, Dada, Haiti, Etecetera, Urso Branco, Nedhentar e tantos mais.
E ao abrir este álbum da memória, chegamos à página do Crystal Chopp. Rua do Rosário, 411. Ambiente que excitou as noites de Jundiaí. Hoje, quando o Bar Brahma, em São Paulo, faz sucesso com suas noites musicais, prestigiando velhos cantores famosos, o Crystal, nos seus anos dourados, foi pioneiro nesta fórmula de sucesso.
Por ali, tivemos contato mais próximo, com grandes nomes do nosso cancioneiro popular. Assim não faltaram aplausos para Nelson Gonçalves, Altemar Dutra, Moacir Franco, Carlos Galhardo, Gregório Barrios, Roberto Luna, Silvio Caldas, Cauby Peixoto, Ângela Maria, Jair Rodrigues, Evaldo Gouveia, Demônios da Garoa, e tantos outros nomes sagrados da música popular brasileira.
O charmoso Crystal era passagem e parada obrigatória. Sua porta aberta não só revelou, mas deu oportunidade, no seu palco, o prazer de conhecer jundiaienses de enorme talento musical.
Grandes noites com o sempre amado Dorival Amadi, o Dori do "Camaro vermelho". A expressiva Jane Prado. A eterna beleza de Sofia. O violão mágico do Neguinho. A adorável Tina e seu piano romântico. Não se podendo esquecer do saudoso Nonô e seu conjunto.
Hoje, acende-se uma luz sobre estes tempos de doces lembranças.
Os grandes centros estão descobrindo, na velha receita destes bares de então, a revitalização da sua vida noturna.
O tempo transcorreu, mas por certo dá voltas nas coisas boas. Para mim e tantos outros amigos, jamais foi esquecido.
Que venha a revitalização tão esperada. Talvez com a criação por parte do governo municipal de um Centro Administrativo no local, um enorme passo para um enorme resultado feliz. Sigamos em frente.
Guaraci Alvarenga é advogado (guaraci.alvarenga@yahoo.com.br)