O Fórum Econômico Mundial, no canal The Conversation, apresentou cinco projetos para fazer uma transição para energia limpa, o que é essencial para enfrentar as Mudanças Climáticas.
O primeiro projeto é o chamado canal solar, que utiliza painéis solares sobre canais de água, aproveitando o espaço exposto ao sol, reduzindo as perdas por evaporação e controlando a infestação de algas, como já expliquei em artigo anterior.
O segundo projeto envolve a energia geotérmica, algo que o Brasil não faz, ou não é divulgado. Há diversas fontes termais no país que são riquezas naturais de todos os brasileiros e deveriam ter um uso econômico, especialmente porque seu uso reduziria as emissões de gases de efeito estufa.
É comum ter salmoura como resíduo em uma usina geotérmica, depois que o calor e o vapor são usados para produzir energia, e essas salmouras são ricas em lítio e outros metais como manganês, zinco e boro. Na Califórnia, tecnologistas estão trabalhando em um método inovador que pode aumentar em dez vezes o suprimento doméstico de lítio dos Estados Unidos da América, provendo das geotérmicas na região do Mar de Salton.
E ainda tem o valor estratégico, já que a maioria das baterias usadas em veículos elétricos e armazenamento de energia em escala são baterias de íon-lítio, e a maior parte do lítio usado nos EUA vem da Argentina, Chile, China e Rússia. E a China é líder no processamento de lítio.
O terceiro projeto é o hidrogênio verde, que também já tive oportunidade de escrever uns anos atrás. O hidrogênio é gerado através de energia eólica ou solar. Além de ser um combustível que pode acionar motores a combustão ou célula combustível, que transforma hidrogênio gasoso em energia elétrica, a mais eficiente conversão. Isso resolve um grande problema que é o armazenamento de energia em baterias.
A maior parte do hidrogênio usado hoje é, na verdade, produzido com gás natural, um combustível fóssil. O hidrogênio verde, produzido usando energia renovável para alimentar a eletrólise, ainda é caro. Combustíveis renováveis, como hidrogênio verde e amônia, fornecem um tipo diferente de armazenamento, na forma líquida, podem ser transportados e usados para transporte marítimo ou como combustível para foguetes.
O quarto projeto já está na vanguarda da tecnologia e estratégia na distribuição de energia, consiste em utilizar um veículo elétrico para abastecer a casa nos horários de pico. É um uso para as baterias do veículo que seja pouco utilizado. Em outros termos, é comprar energia nos horários que seja mais barata e utilizar quando cara. Parece estranho, mas, atualmente, há alguns veículos que são projetados para isso, de veículo para casa (V2H). A Ford anunciou que sua nova picape F-150 Lightning será capaz de abastecer uma casa média por três dias com uma única carga.
O quinto projeto busca capturar e bloquear o carbono do ar. É uma tecnologia que existe mas ainda é cara. O ser humano já colocou tanto dióxido de carbono na atmosfera nos últimos dois séculos que interromper o uso de combustíveis fósseis não será suficiente para estabilizar rapidamente o clima.
Mario Eugenio Saturno é tecnologista sênior e congregado mariano (mariosaturno@uol.com.br)