Ressaca, dor de cabeça, confusão mental e culpa. Esses são alguns dos efeitos causados pelo consumo excessivo de álcool. Parar de beber faz parte da lista de desejos de muitas pessoas, mas esse é um objetivo que exige um certo esforço para ser alcançado. Escolher viver sem álcool é uma escolha difícil, mas que promove melhora na autoestima, na saúde e qualidade de vida.
Uma pesquisa do Instituto Brasileiro do Fígado (Ibrafig) mostra que 55% da população brasileira têm o hábito de consumir bebidas alcoólicas. Nos últimos anos, atravessados pela pandemia de covid-19, 17,2% desse montante declararam aumento do consumo associado a quadros de ansiedade graves por conta do isolamento social.
Segundo a psiquiatra da Faculdade de Medicina de Jundiaí, Salma Rose Imanari Ribeiz, o álcool é a causa de 4% de todas as mortes do mundo, equivalendo a 2,5 milhões de mortes por ano. "Frequentemente não é considerada uma droga, principalmente pela sua grande aceitação social e até religiosa. O padrão do uso de álcool é que gera um problema de saúde pública, pois seu uso recorrente pode induzir a tolerância, dependência física e emocional", informa.
Ela também relata que quanto mais precoce o consumo, maior a chance de dependência e maiores os prejuízos. " O álcool promove inicialmente uma sensação de desinibição social, alegria e diminui a ansiedade. Com isso, o ciclo de busca por essa sensação prazerosa e de alegria pode se perpetuar, fazendo com que haja a dependência do uso do álcool para vivenciar essa sensação. É essencial que o paciente que deseja parar esteja comprometido com o tratamento, que pode ou não envolver o uso de medicações", completa Salma.
MOTIVAÇÃO
Após quatro anos sem álcool, Wanderson Garcia Barros, de 39 anos, conta que sua vida foi transformada ao deixar o vício. "Comecei a beber aos 16 anos e não parei mais. Bebia todos os dias. O álcool fazia parte do meu ciclo de vida. Sem ele não via graça em sair de casa. O vício acabava com a minha autoestima, às vezes me deixava agressivo, me dava prejuízos e trouxe muita dor à minha mãe. Hoje enxergo que o álcool é uma destruição", relata.
Depois de anos, Garcia decidiu mudar de vida e buscou a cura espiritual, sendo a principal razão para largar a bebida. "Enxerguei que não fazia mais sentido continuar naquela vida e comecei a lutar contra o vício. Foi difícil, mas consegui e graças a Deus não tive recaídas. A cura espiritual me libertou e mudou a minha visão. Hoje tenho disposição para tudo e melhorou minha vida em 100%. Largar o álcool foi a melhor coisa que fiz na vida", completa.
Pensando em ser um bom exemplo para seu filho, Túlio Ricardo Marques Guimarães, de 35 anos, começou a beber aos 16 anos e só decidiu parar depois que virou pai. "Minha esposa nunca bebeu nada alcoólico e também não gostava que eu bebesse. Na época, todo dinheiro que gastava com álcool fazia falta em casa. Foi quando decidi parar e usar esse dinheiro com a minha família. Foi difícil e ninguém acreditava que eu iria conseguir", conta.
Após seis anos sem álcool, Guimarães sentiu grandes melhoras em todos os aspectos de sua vida, desde o emocional até o financeiro. "Hoje não tenho vontade de beber e não tenho problemas com pessoas bebendo perto de mim. Minha vida melhorou bastante, me sinto mais responsável e tento dar um bom exemplo para meu filho. Me arrependo pelos doze anos em que bebi. Sem o álcool me sinto muito melhor", finaliza.
Já o jovem Reinaldo Lucas Lopes Rojas, de 23 anos, deixou o álcool há dois anos, após ter ficado muito bêbado em uma festa de trabalho. "Depois disso nunca mais coloquei um pingo de álcool na boca, até hoje o cheiro de álcool me deixa enjoado, parece que fiquei intoxicado. No começo até deixei de sair com amigos ou para lugares que tivesse bebidas, para não ter recaídas, mas com o tempo fui me acostumando e hoje não me faz falta. Já tenho em mente que não irei voltar a beber", comenta.
VIDA SEM ÁLCOOL
Enquanto muitos lutam para se livrar dos problemas que a bebida traz, Rafael Troguilho, de 25 anos, se orgulha em dizer que nunca consumiu nenhuma bebida alcoólica. "Nunca tive vontade de beber, o próprio cheiro chega a embrulhar o estômago. Não sei explicar o motivo por não ter essa vontade, talvez por eu nascer em um lar evangélico, a cultura cristã me moldou dessa forma", diz.
Ele ainda ressalta, que diferentemente de seus amigos, consegue curtir uma festa sem precisar de uma bebida para se 'alegrar'. "Mesmo todos bebendo e 'entortando o caneco', eu fico tranquilo tomando uma coca-cola. Todos respeitam minha escolha e nunca me ofereceram ou me induziram a beber, alguns até evitam consumir para não me deixar constrangido, mas estou acostumado e consigo aproveitar qualquer festa", completa Troguilho.
Comentários
2 Comentários
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Rafael Santana 07/12/2022O álcool trouxe diversos problemas para a minha família. Criei uma aversão muito grande a bebida!
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Moisés 04/12/2022Acredito que a reportagem abordou mais um tema de dependência Quimica do que somente consumo de álcool. já tem bases científicas que algumas bebidas traz mais saúde … o que precisa é saber como consumir!!!