Pureza é do céu

Por |
| Tempo de leitura: 3 min

Após a Missa de Ação de Graças pelo aniversário da Pastoral da Mulher - Santa Maria Madalena - 40 anos - da Magdala - 27 anos -, celebrada pelo nosso diretor espiritual Padre Márcio Felipe de Souza Alves, no Carmelo São José, em nove de novembro, fomos recebidas pelas Monjas no locutório. É um momento de encanto com o Céu.

A Celebração da Eucaristia no Carmelo teve início nos 25 anos da Pastoral com nosso quarto Bispo Diocesano, o querido Dom Gil Antonio Moreira, atual Arcebispo de Juiz de Fora. Quis ele que as integrantes conhecessem o local e as Irmãs, embora fôssemos acompanhadas por elas em oração e notícias desde o início, em 1982, quando o inesquecível Dom Roberto Pinarello de Almeida iniciou o trabalho. A saudosa Madre Mestra, Irmã Maria Inês do Menino Jesus, no mundo Odette Trippe, era uma entusiasta do trabalho e sempre nos incentivou.

Todos os acontecimentos da Pastoral fazem sentido no anúncio de que Deus vem ao encontro e ama todas as filhas e filhos seus, estejam na calçada ou na sarjeta.

Um dia desses, uma das queridas que chegou até nós através do Carmelo me escreveu: "Eu caminho no mundo como se estivesse num eterno caminho de São Tiago Apóstolo, pois ele é protetor dos peregrinos. E o caminho é feito de sinais que Deus vai revelando. Eu vou me salvando, porque levo os sinais de Deus muito a sério, mesmo sendo uma louca perdida no mundo". Forte demais essa colocação.

As integrantes, que já conhecem o Carmelo, anseiam pelo dia de estar lá, rever e conversar com as Monjas. As que vão pela primeira vez ficam extasiadas com a atmosfera do local e a acolhida. Sinal do paraíso perdido.

Uma das participantes pela primeira vez, considerou estar lá numa outra dimensão, que é de pureza e paz.

A irmã dela, no retorno, cobrou da mãe demorar tanto para lhes apresentar o Carmelo. Afirmou que se tivesse conhecido, há alguns anos, muita coisa não teria acontecido em seus caminhos. Constatou, de imediato, que existem histórias de vida que se fazem de amor muito além do que o mundo prega. São histórias que transbordam alegria, interesse pelo próximo - sem esperar nada em troca -, e serenidade. Completa aquilo que me falou a moça - apaixonada pela fidelidade, nobreza de espírito, heroísmo e o testemunho de fé das dezesseis carmelitas de Compiègne, que foram martirizadas durante a Revolução Francesa - sobre as Monjas não precisarem de botox e acessórios diversos da sociedade para encontrarem a paz interior. Estão ali, segundo ela, fechadas para uma comunhão plena com o Senhor e abertas para reconstruir as pessoas em Deus. Disse, ainda, que, ao ser recebidas por elas, se sente gente, depois de ser machucada por tantos predadores que passaram por suas esquinas.

Há, também, um testemunho que vale a pena ressaltar. Uma moça expôs que o Carmelo é um lugar em que todos se olham nos olhos. Na Missa estava presente a Dra. Jane Rute Nalini Anderson, Juíza da 3ª. Vara Criminal, colaboradora da entidade. A moça, que já cumpriu pena por questões ligadas ao tráfico de drogas, foi condenada na 3ª. Vara Criminal. Aproximou-se da Dra. Jane e lhe disse: "A senhora, me condenando, me libertou".

O Carmelo e no Carmelo, como disse Jesus no Sermão da Montanha (Mt 5,8): "Bem-aventurados os puros de coração, porque verão Deus!".

Maria Cristina Castilho de Andrade é professora e cronista (criscast@terra.com.br)

Comentários

Comentários