Cenário da inovação do Brasil

23/11/2022 | Tempo de leitura: 3 min

Em setembro desse ano foi lançada a última edição do IGI (Innovation Global Index), que mede o nível de inovação dos países. O Brasil ocupa a 57ª posição no ranking mundial, 3 pontos a mais do que em 2020, mas 10 pontos a menos do que em 2011.

O IGI é um dos principais instrumentos para tomadas de decisão políticas e empresariais, é elaborado pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual (WIPO), uma agência especializada das Nações Unidas. São analisados 5 pilares: 1) instituições, 2) Capital humano e pesquisa, 3) Infraestrutura, 4) Sofisticação de mercado e 5) Sofisticação empresarial e é composto por mais de 81 indicadores. Como é padronizado, é fácil usá-lo como ferramenta de benchmarking para análise de políticas públicas de longa duração e de estratégias empresariais.

São 132 países analisados desde 2007. A melhor posição que o Brasil ocupou foi em 2011, quando ficou em 47º. Esse ano estamos 10 posições abaixo. Mesmo assim, estamos 3 pontos a mais do que em 2020, quando alcançamos a 54ª posição. Nossas principais fraquezas são: formação bruta de capital, altas taxas tarifárias, facilidade (dificuldade no nosso caso) de abrir empresas e obtenção de crédito. A formação bruta de capital refere-se ao quanto as empresas conseguem aumentar os seus bens de capital, ou seja, equipamentos, máquinas para que possam produzir mais. É um indicador utilizado para medir a capacidade de produção do país, quanto mais máquinas maior a capacidade produtiva. Taxas tarifárias são os custos referentes aos insumos básicos de produção como energia e água.

Por outro lado, melhoramos em gastos com software em que subimos 46 posições! De fato, segundo estudo da Softex, em 2021 os gastos em TIC superaram US$64 bilhões — cerca de 4% do PIB nacional. Também avançamos em número de marcas registradas, pedidos de patente e de modelo de utilidade. Nos últimos anos, o INPI (Instituto Nacional de Propriedade Intelectual) vem empenhando esforços na digitalização dos processos, com o plano de Backlog cuja meta em 2020 era responder a mais de 100 mil pedidos parados.

Em média, uma análise de patente no Brasil é de mais de 5 anos, o que é completamente contraditório ao ritmo da inovação. Logo, subirmos nesse quesito é uma ótima notícia, até porque segundo a Deloitte (2020), em 2019, os ICTs (institutos de ciencia e tecnologia, que são fontes de patentes) foram responsáveis por cerca de R$24,7 bilhões de receita, R$6,2 bilhões em valor agregado e expressivos 157 mil empregos no país.

O Brasil é 12ª maior economia do planeta, segundo o IEDI (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), estamos em 13º lugar entre 45 países no ranking internacional para o desempenho da produção da indústria, temos pesquisadores de altíssimo escalão ao redor do mundo, somos reconhecidos como administradores criativos e que sabem lidar com crises e escassez. Mais de 50% da população ativa brasileira é composta de empreendedores, estamos entre os 10 melhores ambientes para startups do mundo. Nós temos insumos para inovação mas não conseguimos desempenhar em resultados.

Elisa Carlos é yogini e especialista em inovação (elisaecp@gmail.com)

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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