50 anos

18/11/2022 | Tempo de leitura: 2 min

Nascida em 8 de abril de 1972, com as belezas do céu de outono, três mulheres, em busca de um sonho inefável de cultura e arte para cidade, deram à luz a Academia Feminina de Letras e Artes de Jundiaí. Quem eram elas? Jovens sonhadoras, que acreditavam na culta palavra, em época, em que poucos ouviam e não lhe davam espaço. Josefina Rodrigues da Silva (Jorosil), Antonieta da Cunha Barros e Luiza da Silva Rafael, pujantes escritoras, encantadoras da nossa língua, assumiram o grande desafio, no qual resultou hoje, na nossa mais antiga casa de Letras e Artes.

Consta como escreveu uma de suas acadêmicas, Julia Heinnam, nas páginas do livro de atas nº 1, registrados na ata nº 1, os nomes saudosos de Rute Miranda Sirilo e Mercedes Cruañes Rinaldi, ambas poetisas e escritoras, trazendo na bagagem, amplo trabalho literário.

Foi com este anseio de guerreiras que outras acadêmicas se uniram e conseguiram transitar, com desenvoltura, a par das dificuldades deste professado, por todos estes anos, semeando em terra fértil a gratuidade da leitura de bons livros, a suavidade da música, a beleza das artes cênicas e visuais.

Talvez esta divina inspiração foi a mesma que conduzia Rachel de Queiros a ser a primeira mulher a assumir uma cadeira na Academia Brasileira de Letras, ao contar

'No oitão branco, batido de luar, da velha casa de fazenda, devagarinho vai-se abrindo uma janela, a que dá para o pequeno jardim fechado, onde há cravos, bogaris e uma laranjeira. A menina-moça, mais menina do que moça, debruça-se ao peitoril e procura a lua com os olhos. Logo a descobre, tão clara, daria para ler uma carta!

A menina assesta na lua, diretamente no disco da lua, os seus olhos que já são míopes. Suspira, mas é um suspiro diferente, satisfeito, consolado; a menina ainda não está na idade dos suspiros propriamente ditos, está na idade das imaginações e dos sonhos. E, de olhos fitos na lua, silenciosamente, mal movendo os lábios, vai murmurando para si uma reza, uma encantação – um poema? Um poema que é reza e encantação. Vai murmurando como se rezasse para a lua, e na verdade está rezando para a lua...foi essa a minha primeira e mais grave intoxicação poética.

Desde do seu delicado início, esta delicada Academia fortaleceu-se com o passar dos anos, com sua presente participação nos meios literários e artísticos de nossa cidade. Inestimável serviço prestado à terra de Petronília Antunes.

Mas, hoje a sua presidente, a incansável poetisa e escritora, Lucia Helena Andrade Gomes, descortina mais uma vez, este sagrado palco de cultura, para uma plateia convicta, que esta Academia faz parte essencial da cultura da cidade.

Serão comemorados os 50 anos do brilhante percurso desta instituição. As homenagens se estenderam a quem tem cadeira cativa entre os imortais da academia.

Resiste ao tempo, e leva para frente estas sonhadoras iluminadas pelo ideal, capazes de milagres como desta dourada AFLAJ, que vive seus 50 anos e promete viver muito mais. Sinto-me honrado pelo convite.

Guaraci Alvarenga é advogado (guaraci.alvarenga@yahoo.com.br)

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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