A palestra magna apresenta o que a alta liderança das maiores empresas pretendem usar como ferramentas em um mundo que os palestrantes consideraram como: em desglobalização (redução da importância do mercado internacional, a partir da decisão estratégica dos países de nacionalizar parques tecnológicos e industriais, como parte da soberania nacional); economicamente disruptivo (em que novos formatos da economia estão nascendo, ressignificando a estrutura original da teoria econômica). A boa notícia é que a impermanência ficou evidenciada, trazendo para a discussão como lidar com o que é efêmero, como transformar um ambiente de extrema incerteza, com restrição de recursos, em oportunidades de negócios.

Os dados evidenciam a necessidade de uma proposta de crescimento sustentável, com foco no humano, através do uso da tecnologia. Prevê-se que "em 2025, 50% das empresas que trabalham com TI, terão estabelecido uma experiência digital para o colaborador." Se para você isso tudo parece óbvio, o desenvolvimento da tecnologia sempre foi pautada em demandas de mercado, não necessariamente qualidade de vida ou necessidades humanas.

As redes sociais são o exemplo clássico, por mais que o Instagram tenha facilitado a comunicação, aberto um novo canal de vendas e um novo formato de publicidade, a experiência do usuário é pensada para gerar vício e aumentar drasticamente e a qualquer custo o tempo do consumidor no aplicativo. O documentário "Dilema das redes" no Netflix mostra claramente a compreensão profunda do comportamento humano que essas empresas têm. Obviamente as redes sociais são só ferramentas, e o bom ou mal uso delas depende daqueles que o fazem, mas mesmo para os que possuem uma certa consciência, controlar o impulso de continuamente dar o scroll da tela do celular com os infinitos vídeos dos reels, é uma tarefa muito maior do que controlar o uso de qualquer outra tecnologia.

Historicamente sabe-se que o Gartner é capaz de ditar tendências e transformar parte do mercado. O fato de institucionalizarem a incerteza do mundo e a necessidade de focar nos colaboradores é uma notícia muito positiva para o mercado de TI nacional.

Elisa Carlos é engenheira, especialista em inovação e head de operações (elisaecp@gmail.com)