Meditação no trabalho

12/10/2022 | Tempo de leitura: 3 min

Um artigo de Harvard Business Review de 7 de outubro de 2022 evidenciou uma crise de burn out. No artigo, os autores diziam que o número de buscas no Google por "sintomas de burn out" em maio desse ano foi o maior de todos os tempos. Somada à uma pesquisa da KPMG o Brasil é o mais incoerentes com relação à expectativa dos trabalhadores e dos empregadores quanto ao retorno ao trabalho híbrido.

Os funcionários esperam 2 a 3 dias em casa, enquanto os gestores estão dispostos a liberar 1. Segundo pesquisa da Robert Half, que entrevistou 1.161 profissionais em todo o país, 39% dos colaboradores buscariam um novo trabalho se a empresa onde trabalham decidir retornar 100% presencial. No artigo da Harvard Business Review, o burn out evidencia uma sobrecarga mental, normalmente ligada ao trabalho, mas não necessariamente. As causas da crise de saúde mental, segundo o artigo, estão ligadas as incertezas da pandemia e agora as incertezas do retorno da economia, incluindo o formato de retorno ao escritório.

As empresas mais antenadas estão evidenciando sua preocupação com a saúde mental do seu colaborador. Segundo o ebook lançado pelo Gartner: "Top 5 priorities for HR leaders in 2023" (as 5 top prioridades para os lideres de RH em 2023), as mudanças de gestão, a experiência do colaborador e o futuro do trabalho estão no top of mind de mais dos 800 lideres entrevistados pelos autores. 45% deles preocupam-se com a fadiga evidente dos seus funcionários diante da intensidade das mudanças e incertezas dos últimos 3 anos, 51% estão preocupados com a discrepância do formato do trabalho atual ao que se discute para o futuro e 24% deles acreditam que os colaboradores também não estão preparados, não possuem as skills necessárias para o que nos espera no futuro.

Essa condição exige um formato human-centric de liderança que transborda a área de recursos humanos das empresas. Os gerentes de todos os departamentos precisam ser preparados para entre outras coisas evitar e identificar precocemente sintomas de burn out nos colaboradores e promover ambientes propícios para a redução do estresse. As tendências do trabalho do futuro priorizam bem-estar incluindo redução da carga horária de trabalho. O sucesso da startup brasileira Gym Pass segue coerente com a situação, já que exercício físico é evidentemente uma das indicações médicas para reduzir as consequências do stress. Outra indicação cada vez mais recorrente é a meditação. O app headspace, que promove exercícios de respiração e meditação foi considerado uma ultra-tendência pelo jornal Los Angeles Times, principalmente na capital hollywodiana. Tanto que celebridades como Gwyneth Paltrow, Emma Watson, Zach Braff e Jessica Alba investiram na startup.

Exercícios de respiração e meditação, antes restritos ao mundo da yoga, hoje invadem o ambiente de trabalho. Empresas como LinkedIn, o Twitter, o Facebook, a empresa de tecnologia Intel, o banco Goldman Sachs,  Google e tantas outras, que destinam tempo e espaços e as vezes até programas internos específicos para a promoção do tal mindfullness.

Embora seja uma tendência, e mesmo que haja intenção genuína dos gestores, a transição para um ambiente mais humano é cheia de obstáculos, a começar pela inundação de informações superficiais, a hiperconectividade e o vício dos workaholics.

Elisa Carlos é mãe da Nina e da Gabi, yogini, especialista em inovação, head de operação da Softex Nacional.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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