
Após intensa mobilização dos professores, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (SEDUC) apresentou uma proposta por escrito em resposta às principais reivindicações da Campanha Salarial e Educacional 2025 dos professores da rede estadual. O documento foi entregue na última sexta-feira, 25, mas as medidas foram consideradas insuficientes pela APEOESP (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), que decidiu manter o estado de greve e realizar uma nova assembleia no dia 9 de maio, na Praça da República, capital paulista.
O governo propôs um reajuste de 5%, com envio de projeto de lei à Assembleia Legislativa até o fim de abril. No entanto, a categoria reivindica a recomposição do poder de compra com base na Meta 17 do Plano Nacional de Educação (PNE) e do Plano Estadual de Educação (PEE), além do pagamento de 10,15% que permanece judicializado no Supremo Tribunal Federal (STF). A SEDUC também anunciou, de forma controversa, o pagamento de um abono complementar de 6,27% no dia 8 de maio, com valores retroativos a janeiro depositados até 20 de maio.
Valorização da carreira e condições de trabalho
Entre os avanços parciais, está a criação de uma Mesa Permanente de Valorização do Magistério, que discutirá pontos como a atratividade da carreira e as regras do estágio probatório. A APEOESP também conquistou a flexibilização para reposição de aulas dos dias de paralisação, além da formação de uma comissão paritária para debater novas normas para a atribuição de aulas e recondução de professores.
O sindicato ainda reivindica mais chamadas de aprovados em concurso público. Até o momento, a SEDUC prevê a nomeação de 15 mil docentes em 2025 e 10 mil em 2026, número abaixo dos 44 mil solicitados pela APEOESP, com base em ação judicial do Ministério Público.
Infraestrutura e alimentação nas escolas
A climatização das escolas é outro ponto prioritário. A SEDUC afirma que o processo está em andamento, mas ainda sem um cronograma definido. O sindicato também cobra a inclusão da educação climática no calendário escolar.
Outro tema importante é a alimentação dos profissionais da educação nas escolas. Apesar de alegações sobre entraves legais, a SEDUC se comprometeu a trabalhar junto à APEOESP e ao Ministério Público para viabilizar essa demanda. Uma comissão técnica analisará a viabilidade jurídica e financeira da proposta.
Educação Especial e reabertura de classes
A APEOESP segue pressionando contra a terceirização na Educação Especial e exige a contratação direta de profissionais por concurso. Também há compromisso da SEDUC em reabrir classes no ensino diurno e noturno, desde que haja demanda, a ser identificada com apoio das subsedes sindicais e da comunidade escolar.
Insatisfação nas escolas e adesão em Franca
Em Franca, a mobilização expressiva dos educadores reflete o descontentamento com as atuais políticas educacionais. Segundo a professora Graciele Alves Ferreira, da Secretaria da APEOESP em Franca, “estamos enfrentando um cenário de descaso com a educação. A adesão dos professores de Franca é uma demonstração clara de que não dá mais para continuar nas atuais condições”.
No primeiro dia da greve, três escolas da cidade, David Carneiro Ewbank, Israel Niceus Moreira e Vicente Minicucci, tiveram paralisação total das atividades, afetando cerca de 2.400 alunos em três turnos. As unidades funcionam com estrutura ampla: a David Carneiro possui 20 salas, enquanto a Vicente Minicucci tem 11, e a Israel Niceus Moreira, uma escola de tempo integral (PEI), conta com 12 salas.
Segundo a subsede da APEOESP em Franca, cerca de 75 docentes já aderiram formalmente ao movimento. Outras escolas, como Adelina Pasquino Cassis, Evaristo Fabrício, Lina Piccioni, Otávio Martins, Lydia Rocha e Celso Toledo, também registraram desfalques significativos em seus quadros de professores.
Conflito judicial e mobilizações futuras
Apesar da entrega das propostas, o governo ingressou com uma ação judicial contra a greve. Uma liminar do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) impôs restrições ao movimento e marcou audiência de conciliação virtual para o dia 5 de maio, às 14h30. Nesse mesmo dia, atos e vigílias serão realizados em todas as Diretorias de Ensino.
A assembleia do dia 9 de maio será decisiva para os próximos passos do movimento grevista. Até lá, o sindicato deverá realizar visitas às escolas, panfletagens, carreatas e outras ações de mobilização.
A categoria reafirma a necessidade de unidade e mobilização para garantir avanços reais. O sindicato exige do governo estadual um compromisso concreto com a valorização da educação pública e de seus profissionais.
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Comentários
2 Comentários
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Darsio 27/04/2025Muitos policiais na devoção ao Tarcício e ao Bolsonaro seriam casos para psicólogos. Oras! Foram 4 anos de Bolsonaro sem um único centavo de aumento salarial e, no estado de São Paulo, Tarcisão fez questão de aumentar os salários das altas patentes, em detrimento das baixas patentes e, em 2024 e 2025 concedeu aos policiais 0% de aumento, ao passo que os mesmos são cada vez mais forçados a trabalhar em condições insalubres, de alta periculosidade e com falta de equipamentos de segurança. Aliás, Tarcisão gastou milhões de reais com a compra de coletes que se mostraram falhos e, portanto, muito mais ameaçam a vida do policial do que lhe protege. E, ainda assim, muitos desses policiais idolatram o Tarcisão. É ou não é um caso para psicólogo? Ou seria para transplante de cérebro?
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Darsio 27/04/2025Aos idiotas que que sugerem fazer o L, sugiro um pouquinho de leitura na vida, pois assim constatarão que, o professores são funcionários do Estado de São Paulo e não da União. Esses profissionais não possuem qualquer vínculo empregatício com o Governo Federal e, se tivessem ao menos já teriam tido 9% de aumento em 2023, 9% em 2025 e mais 5% em 2026. Já o Tarcisão concedeu aos seus professores 6% em 2023, 0% em 2024 e 0% em 2025. E, antes que ume energúmeno bolsonarista fale do piso, é importante que se saiba que foi projeto aprovado pelo Lula em 2008, mas que o Tarcisão faz questão de driblar a lei, de tal modo que paga a diferença por meio de subsídio e, por essa razão a maioria dos professores possuem 0% de aumento, pois se recebem um centavo acima do valor do piso, não tem se quer 1% de aumento no salário.