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Limão, ivermectina e caldo de cana são eficazes contra dengue? Tire as dúvidas

Por Giselle Hilário | da Redação
| Tempo de leitura: 4 min
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Quem está com dengue deve evitar limão, de acordo com a Associação Brasileira de Nutrição
Quem está com dengue deve evitar limão, de acordo com a Associação Brasileira de Nutrição

O Aedes aegypti tem menos de 1 centímetro, mas já “nocauteou” mais de 390 mil pessoas no país nas primeiras semanas de janeiro deste ano, segundo o Painel de Monitoramento de Arboviroses do Ministério da Saúde.

Em Franca, de acordo com a Secretaria de Saúde, os casos positivos da doença aumentaram 221% neste ano em relação ao mesmo período do ano passado. Até esta sexta-feira, 9, somavam 421 os casos positivos da doença.

Ainda assim, há quem prefira dar voz e compartilhar fake news a eliminar criadouros do mosquito em casa, a forma mais eficaz de acabar com a doença, segundo especialistas. Nos últimos dias, as redes sociais foram tomadas por “receitas para curas milagrosas” da dengue. Tudo sem comprovação científica.

Num dos vídeos – que o GCN/Sampi optou por não divulgar para não disseminar desinformação –, dizia-se que a ivermectina ou o suco de limão poderiam matar o vírus da dengue e acabar com a carga presente no organismo. Outro boato afirmava que caldo de cana seria o suficiente para tratar casos hemorrágicos da doença. No entanto, não há nenhuma verdade em nenhum dos casos.

A Secretaria de Comunicação do Governo Federal informa, em sua página (https://www.gov.br/secom) que o Ministério da Saúde não reconhece qualquer protocolo que inclua a ivermectina para o tratamento da doença. Também alerta para a desinformação de que limão neutraliza a carga viral de quem já está infectado com a dengue.

“De acordo com a Associação Brasileira de Nutrição, alimentos que contêm salicilatos e os de ação antitrombótica devem ser evitados em caso de suspeita da doença. Dentre esses alimentos, está o limão”, informa o texto veiculado pela Secretaria de Comunicação Social do Governo Federal. “Além do limão, os infectados pela dengue devem evitar consumir abricó, ameixa fresca, amêndoa, amora, batata, cereja, groselha, maçã, melão, morango, nectarina, nozes, passa, pepino, pêssego, pimenta, tangerina, tomate e uva. Esses alimentos diminuem a biodisponibilidade da vitamina C e os níveis séricos de folato – ferro e potássio e as proteínas plasmáticas”, diz o texto.

Já o caldo de cana não possui contraindicações. Mas o fator curativo atribuído nas fake news simplesmente não existe, informa o texto.

Ou seja, não adianta sair tomando suco de limão e caldo de cana e não eliminar criadouros do Aedes aegypti em casa. "Excesso de acidez num [o limão] e de açúcar no outro [caldo de cana], atrapalha a hidratação", afirma o médico médico Homero Antonio Rosa Junior. "Também falam muito do inhame, mas sem qualquer comprovação científica dos seus benefícios em relação à cura da dengue. Mas uma coisa é certa: uma boa alimentação ajuda na recuperação da doença", complementa.

Sem comprovação científica
O médico Homero Antonio Rosa Junior afirma que não existe nenhuma documentação científica provando benefício de nenhum alimento em relação ao tratamento da dengue, uma vez que a doença já esteja instalada no organismo. “O que existe é a necessidade absoluta de hidratação muito grande. O vírus da dengue desidrata as pessoas. Algumas pouco, outras muito”, afirma.

É por isso, segundo o médico, que é comum que as pessoas tomem soro num dia, passem a noite bem, e voltem para tomar soro de novo, no dia seguinte. “As pessoas que têm dengue precisam tomar muito líquido. Água, água de coco soro de farmácia.”

Além disso, segundo Rosa Júnior, é preciso monitorar os efeitos da doença com bastante cuidado: é preciso verificar a pressão arterial, observar a urina, tomar líquido de maneira exagerada, especialmente do segundo ao sexto dia da doença, e tomar muito cuidado entre o terceiro ao quinto dia, que é onde pode haver algum agravamento.

“Qualquer mancha avermelhada ou alteração da pressão deve ser comunicada ao médico imediatamente. Dor no abdome, vômito, alteração de consciência, alteração respiratória são sinais de alerta”, afirma o médico. “A dengue é uma doença que agrava muito rápido, de horas ou de um dia para o outro. Por isso é preciso atenção”, alerta.

Sintomas
A infecção por dengue pode ser assintomática ou apresentar quadro leve. Mesmo assim, é muito importante ficar atento aos sinais, pois pode haver a evolução de um quadro leve para um quadro mais grave. Os principais sintomas são febre, dor no corpo e nas articulações, dor atrás dos olhos, mal-estar, falta de apetite, dor de cabeça, manchas vermelhas no corpo, dor abdominal intensa, vômitos, letargia ou irritabilidade.

A pessoa com dengue não terá necessariamente todos os sintomas. A febre alta associada a mal-estar, dor de cabeça e dores pelo corpo é a forma de apresentação mais comum.  A forma grave da doença, conhecida como dengue hemorrágica, inclui dor abdominal intensa e contínua, náuseas, vômitos persistentes e sangramento de mucosas.

Está com alguns desses sinais e não tem certeza se é dengue? Não espere os sintomas piorarem. Procure atendimento em uma unidade de saúde mais próxima para diagnóstico com um profissional, que indicará o tratamento adequado. E lembre-se: não se automedique. A identificação precoce de casos potencialmente graves é essencial para a eficácia do tratamento, que será iniciado o mais rápido possível.

Tratamento
Para os casos leves, a recomendação é repouso, enquanto durar a febre, hidratação (ingestão de líquidos), administração de paracetamol ou dipirona em caso de dor ou febre, e não administração de ácido acetilsalicílico. Na maioria dos casos, há uma cura espontânea depois de 10 dias.

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