O tema central das leituras deste domingo é o dos muitos lugares que há na casa do Pai, isto é, dos muitos ministérios a desenvolver na comunidade.
Primeira Leitura At 6.
Esta leitura nos apresenta a primeira tensão séria surgida no seio da comunidade de Jerusalém.
Em Jerusalém sempre houve problemas, mas a um certo ponto o elemento humano da Igreja veio à tona e deveras de forma dramática: é a narração que encontramos na leitura de hoje.
Em Jerusalém a comunidade está formada inicialmente por judeus. Estes, porém, pertencem a dois grupos bem distintos: os judeus e os helenistas.
A primeira é que a Igreja, sendo formada por homens e não por anjos, sempre teve que se preocupar, na sua vida interna, com problemas de invejas, ciúmes, incompreensões entre pessoas de mentalidades e cultura diferentes.
A segunda reflexão é mais importante. Diante das crescentes necessidades da comunidade, os apóstolos não reservam para si toda a autoridade, não querem assumir todo o trabalho, não aceitam ser os únicos responsáveis por todas as tarefas e por todos os trabalhos... com o risco de não cumprir bem nenhum.
Convocam, ao invés, a comunidade para que escolha pessoas com capacidade às quais possa confiar as atividades assistenciais. Reservam para si um só ministério, o mais importante: o anúncio da Palavra.
Segunda leitura: IPd 2.
Pedro compara a Igreja a um edifício espiritual. O construtor é Deus e o material não é constituído por tijolos de terra, mas por pedras vivas que são os homens.
Esta primeira pedra é Cristo. Sobre ele, depois, Deus foi colocando outras pedras vivas: os que acreditam nele, os recém-batizados aos quais o autor da carta está falando na noite da Páscoa. Unidos com Jesus eles formam um novo e imenso templo.
Evangelho: Jo 14.
O trecho do Evangelho de hoje é tirado do primeiro entre os três discursos de despedida, pronunciados por Jesus durante a última Ceia.
O trecho de hoje começa com uma frase que pode facilmente ser mal interpretada: Na casa do meu Pai há muitas moradas, Eu vou preparar-vos uma morada; quando a tiver preparado, eu voltarei e vos tomarei comigo. E vós conheceis o caminho para ir aonde eu vou.
Jesus afirma, antes de tudo, que ele deve percorrer um caminho.
Trata-se do caminho para a Páscoa, caminho difícil, porque exige o sacrifício da própria vida pelos irmãos.
A esta altura fica também esclarecida a questão das muitas moradas na casa do Pai.
Quando alguém aceitou seguir o caminho percorrido por Jesus, eis que de repente se encontra na casa do Pai. Que casa é esta? Não o paraíso, mas a comunidade cristã. É ali que há muitos lugares, isto é, muitos serviços a fazer, muitas funções a serem desempenhadas.
O lugar que Jesus prepara é avaliado na base de um outro critério: aquele do serviço. O melhor lugar é aquele onde se pode servir o irmão mais e melhor.
Monsenhor José Geraldo Segantin é reitor do Santuário Diocesano de Santo Antônio.
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