NOSSAS LETRAS

Sandman & The Cure

Por Baltazar Gonçalves | especial para o GCN
| Tempo de leitura: 2 min

O lançamento da série Sandman (Netflix) reacendeu a chama do Sonho, ou Morpheu como também é chamo o personagem principal que dá nome à série. Assistir Sandman é oportunidade para reviver a estética da melancolia pós-punk dos anos 80, na série adaptada da HQ e tratada com o respeito que merece. Aqui não vou comentar meu deslumbramento com a qualidade técnica da série e nem sobre o roteiro perfeitinho, vou dar umas dicas sobre “de onde isso veio?”

Começando pelo começo: Robert Smith, vocalista do The Cure, influenciou Neil Gaiman e Tim Burton. Tanto Sandman quanto Edward Mãos de Tesoura trazem características suas. No caso do cineasta, a influência vai além e chega até o seu próprio penteado.

Os primeiros álbuns do The Cure foram fundamentais também para James O'barrdurante a escrita do seu O Corvo. Toda a estética do que foi considerado sombrio ou dark passou por Robert Smith e sua banda, desde sua formação na década de 1970 e principalmente a partir do segundo álbum, Seventeen Seconds, em 1980, quando se fortaleceu a assinatura de Smith sobre a própria obra.

Compositor, vocalista e guitarrista, ele ainda foi baterista de Siouxsie & The Banshees, provando que esteve envolvido profundamente com o surgimento do pós-punk e faz parte do embrião do que se tornaria mais tarde o conceito de gótico, mesmo que, como muitos artistas do estilo, negue o rótulo. Seu cabelo bagunçado, o preto dos olhos e o vermelho borrado dos lábios são sua marca e o retrato de uma geração.

Quantas pessoas a dançarem viradas para a parede no breu de um clube de rock alternativo não se vestiam e se sentiam como Robert, enquanto entregavam suas almas à tristeza de suas canções?

Junto com Morrissey e Siouxsie, Robert formava o que não é exagero chamar de “Santa Trindade” da melancolia. Os três ressoavam como os mais populares da cena dark, ainda que aderissem ao pop em alguns momentos. Ouso dizer ainda, por experiência própria, que os três despertavam uma especial admiração no público queer da cena.

Sandman, Sonho ou Morpheu – ele está entre nós! E é sempre bom lembrar quem já esqueceu: existe um mundo cheio de universos a serem descobertos escondido atras dos nossos olhos quando dormirmos.

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