MAIS UM FEMINICÍDIO

Policial militar é preso suspeito de matar a esposa após pedido de restrição

Por | Folha Press
| Tempo de leitura: 3 min
Arquivo/Redes sociais
A filha do casal, atualmente com 28 anos, tentava intervir nas agressões e, consequentemente, também era agredida, segundo a polícia. A delegada diz que tanto a filha como a neta, de 13 anos, eram testemunhas das agressões.
A filha do casal, atualmente com 28 anos, tentava intervir nas agressões e, consequentemente, também era agredida, segundo a polícia. A delegada diz que tanto a filha como a neta, de 13 anos, eram testemunhas das agressões.

Um policial militar reformado de 52 anos foi preso suspeito de ter matado a esposa, de 50. Segundo a Polícia Civil de Minas Gerais, a vítima, que sofria diversas violências em casa e chegou a ter o próprio maxilar quebrado, tinha decidido pedir o divórcio após 32 anos de relacionamento. No entanto, o homem não aceitou o término e disparou contra o rosto dela. Ele está sendo investigado por feminicídio.

O crime ocorreu no dia 8 de outubro e a prisão, na última sexta-feira (5). Segundo a delegada Ingrid Estevam, responsável pelo caso, "a vítima guardou em arquivos pessoais fotos das marcas das agressões que ela sofria por parte desse suspeito". Entre os objetos, estava um "chumaço de cabelo" dela mesma que foi arrancado durante uma briga com o ex-marido.

A filha do casal, atualmente com 28 anos, tentava intervir nas agressões e, consequentemente, também era agredida, segundo a polícia. A delegada diz que tanto a filha como a neta, de 13 anos, eram testemunhas das agressões. "A vítima fez inúmeros registros na polícia, relatando as agressões, mas a família [do suspeito], muito desacreditada dessa situação, sempre tentava uma reconciliação, desacreditando as vítimas, tanto a mãe quanto a filha", destaca Estavam.

Em uma das agressões, ocorrida no dia 17 de junho, o militar tentou estrangular a mulher enquanto ela dormia, e a vítima chegou a procurar pela Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) para registrar a ocorrência e solicitar medida protetiva.

Até então, os dois ainda viviam juntos e, a partir daí, começaram a morar em imóveis distintos. Entretanto, diante dos pedidos do suspeito e de familiares dele, a mulher requisitou a revogação da ordem judicial em setembro.

As agressões voltaram no dia 4 de outubro, quando ela retornou à Deam para solicitar mais uma medida protetiva de urgência. Para a delegada Ingrid Estevam, o comentário de um homem em uma publicação da vítima em rede social foi o que irritou o ex-marido.

Ele monitorava a vida da vítima na internet e não teria gostado da interação. Três dias depois, por volta das 22h, o homem entrou na casa da vítima e, em menos de três minutos, descarregou um revólver calibre 38 contra o rosto dela.

"Nesse caso, assim como todos os outros com histórico de violência doméstica, a vítima já vivenciava um ciclo de violência. Na noite do dia 8, o suspeito, utilizando-se de uma arma de fogo, desferiu disparos todos no rosto da mulher, na intenção de menosprezo, humilhação e desfiguração da vítima", afirmou a chefe do DHPP (Departamento Estadual de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa), Letícia Gamboge.

As investigações foram realizadas pelo Núcleo Especializado de Investigação de Feminicídio, junto à Delegacia Especializada de Homicídios Leste, ambos do DHPP.

COMO DENUNCIAR

Ao presenciar um episódio de agressão contra mulheres, ligue para 190 e denuncie.
Casos de violência doméstica são, na maior parte das vezes, cometidos por parceiros ou ex-companheiros das mulheres, mas a Lei Maria da Penha também pode ser aplicada em agressões cometidas por familiares.

Também é possível realizar denúncias pelo número 180 -Central de Atendimento à Mulher- e do Disque 100, que apura violações aos direitos humanos.

Há ainda o aplicativo Direitos Humanos Brasil e através da página da ONDH (Ouvidoria Nacional de Diretos Humanos) do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Vítimas de violência doméstica podem fazer a denúncia em até seis meses.

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