Um novo templo

Cristo e os membros da comunidade cristã formam em conjunto o novo santuário do qual se elevam a Deus em todas as horas os perfumes dos incensos e dos sacrifícios que lhe são agradáveis. Já não se trata das ofertas da carne e do sangue dos cordeiros, mas das obras de amor em favor dos homens.

Por Mons. José Geraldo Segantin | 07/03/2021 | Tempo de leitura: 3 min
Especial para o GCN

O  “templo” é o lugar sagrado onde, desde todo sempre, as pessoas se reúnem para rezar.

            Neste domingo a Palavra de Deus nos apresenta “qual é o templo” que Jesus quer para rezarmos.

            Primeira leitura: Ex 20

            Um dos temas fundamentais propostos, para meditação do cristão durante a Quaresma, é a lei de Deus, “os 10 mandamentos”, que constituem um dos argumentos centrais da catequese de quem se prepara para receber o batismo.

            Essas fórmulas, curtas e fáceis de serem lembradas, são uma síntese das normas que regulavam no povo de Israel as relações das pessoas entre si e em relação a Deus.

              Israel não era o único povo que tinha leis justas, promulgadas em nome de Deus. São conhecidas várias coletâneas de leis, emanadas por soberanos naqueles tempos antigos.

            Os 10 mandamentos não estão incluídos nesta categoria de leis opressivas do ser humano. Não foram decretados por um tirano, mas por um Deus libertador, que foi ao Egito para salvar o seu povo, porque não tolera situações de escravidão.

            Sabemos que Jesus, inicialmente, os reduziu a dois: “amar a Deus e amar o próximo”; mais adiante a um só: “amar o irmão”.

            É evidente que o mandamento do amor engloba todos os mandamentos.

            Segunda Leitura: 1Cor 1,

            Os quatro versículos que compõem essa leitura nos apresentam o ponto fundamental de toda a pregação de Paulo: o Cristo crucificado. Diante desse sinal avassalador do amor de Deus, os homens não podem permanecer indiferentes: devem tomar posição. As respostas negativas são duas: a dos judeus, para os quais Jesus crucificado é um escândalo e a dos gregos que o consideram uma loucura. Por que?

            Os judeus esperavam que Deus manifestasse o seu poder, resolvendo os problemas dos homens através de milagres.

            Jesus, ao invés, não se apresentou como um vencedor, mas como um derrotado, como um homem aparentemente amaldiçoado por Deus.

            Os sábios gregos, ao contrario, não acreditavam em milagres, confiavam somente nos raciocínios e na sabedoria.

            Ora, a morte de Jesus na cruz não se enquadra dentro de nenhuma lógica humana: é uma autêntica loucura.

            Evangelho: Jo 2.

            É o tempo da Páscoa e Jerusalém está superlotada de peregrinos, vindos de todas as partes do mundo para celebrar a festa, para oferecer sacrifícios e cumprir as suas promessas.

            Durante os dias da festa não medem os gastos; comem carne em abundância, bebem bons vinhos, compram presentes para levar para casa e especialmente frequentam o templo para rezar, para pedir conselhos aos sacerdotes e para oferecer um sacrifício ao Senhor.

            A passagem do evangelho de hoje começa apresentando-nos Jesus que chega ao templo justamente por ocasião da festa. Nenhum evangelista narra o que ele sentiu ao ver a casa do Pai profanada desse modo, mas é fácil imaginá-lo por aquilo que fez. Não pronuncia uma só palavra, faz um chicote com as cordas nas quais estão amarrados os animais e furiosamente começa expulsar todos e jogar pelos ares as mesas, as cadeira, o dinheiro, as gaiolas das pombas.

            Qual é o sentido desse procedimento tão pouco habitual por parte de Jesus?

            Purificando o templo dos mercadores, Jesus declara que chegou o reino do Messias e condena de maneira enérgica qualquer mescla, qualquer confusão entre religião e interesses econômicos.

            Cristo e os membros da comunidade cristã formam em conjunto o novo santuário do qual se elevam a Deus em todas as horas os perfumes dos incensos e dos sacrifícios que lhe são agradáveis. Já não se trata das ofertas da carne e do sangue dos cordeiros, mas das obras de amor em favor dos homens.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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