
Onde havia peixes, há mercúrio. Onde havia florestas, há cinzas
Burle Marx, paisagista
porção: 10
dificuldade: fácil
preço: econômico
Ingredientes
1 quilo de filé de peixe
Farinha de trigo para empanar
Óleo para fritar
8 bananas-da-terra
1 litro de molho branco
1 xícara de muçarela ralada para cobrir
Molho branco
2 colheres (sopa) de manteiga
2 colheres (sopa) de farinha de trigo
Meia cebola média ralada
Pitada de sal
Pitada de noz-moscada
1 litro de leite
1 xícara (chá) de parmesão ralado
Não me perguntem por que, mas o nome botânico da banana-da-terra é Musa paradisíaca. Fora da nossa região o povo a chama comprida e chifre-de-boi. Os índios diziam pacová. Ela é utilizada em grande número de receitas doces e salgadas. Como sua textura é bem firme, normalmente não é consumida crua, embora não exista nada que contraindique. O fato é que vem sendo largamente usada em receitas que surpreendem o paladar nas mesas do norte, nordeste e centro-oeste, já tendo chegado também às do sul. Ou seja, do Oiapoque ao Chuí temos pratos com banana-da-terra.
Ela aparece assada, cozida, frita ou integrando pratos variados: moquecas, pirões, purês, farofas, tartares. Os capixabas fazem um arroz com banana frita. Na cozinha pernambucana a fruta é coberta com queijo coalho salpicado com açúcar e canela, e depois levada a assar até o queijo derreter. É sobremesa comum nas casas, conhecida como “banana de capote”. Os paranaenses têm um prato típico que mistura peixe seco defumado com a banana. Seu nome é “cambira”, palavra tupi que remete a um cipó abundante no litoral, conhecido por sua flor de cor roxa; era a base de um varal usado para a defumação. Uma vez seco, o peixe vai para a panela de barro com água, tomate, pimentão, coentro, pimenta e bananas - que formam um caldo grosso. É a representação culinária da miscigenação de culturas: o índio ensinou a secar o peixe, o português a cozinhar com os toques das bacalhoadas.
O peixe e a farinha de mandioca sustentaram centenas de aldeias litorâneas. Prova léxica disso é que a palavra pirão é de origem indígena, pirau: pira significa peixe e u comida. A técnica de assar peixe em folhas de bananeiras, hábito ainda vigente no litoral norte paulista, é um legado dos índios. O uso da nativa banana-da-terra também, pois a espécie nanica só depois da chegada dos portugueses.
A receita deste domingo tem o olho na quaresma, período em que, por tradição religiosa, brasileiros colocam mais peixe no cardápio. O peixe do prato visto na foto é tilápia, mas você pode utilizar qualquer outro de seu gosto, cortado em filés. Escolhemos a tilápia porque ela encabeça, com folga, a lista dos peixes de água doce mais criados e comercializados no Brasil – a produção saltou 223% entre 2005 e 2015, totalizando atualmente mais de 400 mil toneladas anuais. E talvez você se pergunte a essa altura como é que um peixe exótico, com origens tão longínquas como a África e o Oriente Médio, expandiu seus domínios nas águas do Brasil, famosas pela riqueza da sua fauna aquática? É que a tilápia do Nilo, o tipo que impera no país já há algumas décadas, é uma espécie rústica que se ajustou com extrema facilidade ao nosso ambiente, reproduzindo-se o ano inteiro. O sabor de sua carne branquinha agradou ao paladar brasileiro e deu no que se sabe. O consumo cresce a cada dia.
Então, vamos ver como fazer o prato. Comece pelo molho branco. Numa panela média aqueça em fogo baixo a manteiga, acrescente a cebola ralada e deixe amolecer. Junte a farinha, mexa bem com colher de pau para não empelotar. Depois de dez minutos acrescente o leite quente aos poucos e sempre mexendo adicione o sal e a noz moscada ralada na hora para não perder o sabor. Junte o queijo ralado e continue mexendo até o molho ficar espesso. Desligue a chama e reserve. Em seguida descasque, corte em três fatias horizontais e frite em pouco óleo (e bem quente) as bananas até que dourem. Retire da frigideira, deposite sobre papel-toalha e reserve. Tempere os filés com suco de um limão, sal e pimenta-do-reino e deixe tomar gosto por alguns minutos. Passe então pela farinha de trigo, dê umas batidinhas para eliminar o excesso, frite em pouco óleo (também bem quente), de um lado e de outro, até dourar. Coloque os filés fritos sobre papel toalha e reserve.
Monte o prato num refratário. Primeiro o molho branco, depois as fatias de banana, mais molho, fatias de peixe. Repita a operação. Termine com molho. Cubra com a muçarela ralada e leve ao forno para aquecer e gratinar. Sirva com salada verde e regale-se.
PASSO A PASSO
1 - Numa panela média prepare o molho branco e reserve
2 - Tempere, empane apenas na farinha, frite os filés e reserve
3 - Descasque as bananas, corte em fatias horizontais, frite em óleo quente e reserve
4 - Monte o prato: primeiro o molho branco no fundo do refratário
5 - Alterne camadas de banana, molho, peixe; termine com molho, salpique queijo, leve ao forno para aquecer e gratinar
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