Projeto Papai Educa: a temida crise dos dois anos


| Tempo de leitura: 3 min
Imagem ilustrativa
Imagem ilustrativa

“Não repara no filho dos outros que o seu nasce igualzinho”. Quem nunca escutou a frase ao assistir a um ataque de birra de um pequeno que atire a primeira pedra. Por aqui, os chiliques começaram perto de um ano e seis meses. Já ouviu falar dos “terrible two” (terríveis dois), a adolescência infantil? Pois bem, ela vem, em maior ou menor intensidade para uma parte das crianças. Aos que a enfrentam, parece interminável. São incontáveis “nãos” para um mesmo ensinamento, com retorno positivo em doses homeopáticas. Mas calma, ela passa, o feedback é moroso diante dos atos de desobediência e exige paciência dos papais.

Normalmente as explosões emocionais ocorrem em ambientes públicos. Shoppings, restaurantes, igrejas, a confraternização de trabalho e o encontro de família, por exemplo, são espaços escolhidos como cenário para o espetáculo de oscilação de humor. Basta contrariar, corrigir ou impor limites. Lá vem o choro, os gritos, as manhas com direito a se espernear, debater ou até mesmo agredir com tapas, mordidas, chutes e afins...

Mas como aquele doce, obediente e delicado bebê mudou completamente seu comportamento, se entregou à rebeldia e te cobrou reações inusitadas? Que frustração! Logo na frente de todos seu filho escolheu para subir na escada sem corrimão ou resolveu colocar o chinelo do vovô na boca e você foi tentar contê-lo?

Inicialmente não sabíamos o que fazer. Corrigir verbalmente em público? Reagir ou ignorar? As informações de quem atravessou a mesma fase na criação dos filhos vêm aos montes quando as pessoas se deparam com papais acuados perante à reação inesperada do filhote. Porém, como não há fórmula secreta na educação, é indispensável encontrar o equilíbrio para a eficácia do processo. Cada criança se comporta de uma maneira diante da resposta dos pais. Nem sempre o que dá certo para um grupo familiar dá para outro.

Por aqui, os terríveis dois anos foram os primeiros testes de paciência de nível avançado. Com a morosidade na mudança de comportamento, houve dias em que nos entregamos à exaustão. Desgastados, enxergávamos negativamente as intervenções familiares, todas as orientações e direcionamentos com vistas a ajudar no processo. Mas, com o passar do tempo, percebemos que “ouvir” era um verbo de execução obrigatória.

Diante dos “terrible two”, organizar as ideias e pensar em atitudes preventivas de como se comportar diante de um chilique pode ser a saída para atravessar o período com maior leveza. Aos lugares com mais ou menos pessoas, as técnicas empregadas são semelhantes. É preciso sair de cena, respirar, conter a birra, acalmar a criança, com um abraço, um dialogo manso ou uma distração, por exemplo, e, em seguida, retornar, sem peso e medo do julgamento dos outros. Pois, se corrigir será julgado. E se não, também será. Foco em você!

Durante a crise, entrar na disputa de poder com os pequenos torna o momento ainda mais penoso. É difícil compreender que um ser tão pequeno está querendo ditar as próprias regras, quando não a dos demais membros da família. Bater de frente, exaltar os ânimos, querer ganhar no grito ou na violência não é o caminho indicado. Sustentar a paciência, por mais difícil que pareça ser, facilitará a travessia durante a adolescência infantil.

Será preciso repetir “mil vezes” a mesma coisa, impor-lhe limites e utilizar o momento de calmaria, pós-ataques opositivos, para esclarecer e orientar sobre as atitudes corretas. Nem sempre ser do contra é ruim – queremos criticidade -, mas precisamos deixá-los cientes que as decisões trarão consequências e que sua conduta na paternidade ou maternidade é para preservar sua integridade física e moral.

Ah, e quanto à frase que abrimos o artigo. Pura balela. Seu filho atravessará as fases necessárias para seu amadurecimento. Julguemos menos o comportamento de outros papais. Muitos dos nossos erros são cometidos por ignorância ou na tentativa de acertar o caminho ideal a ser percorrido. Por aqui, a crise foi “tirada com a mão” no aniversário de 3 anos. Por aí, talvez ela tenha sido ou seja diferente. Não importa. Educar com amor é o recado. E assim...seguimos juntos!

Leandro Nigre é pai, jornalista, especialista em Mídias Digitais, editor-chefe do jornal O Imparcial, em Presidente Prudente e idealizador do projeto Papai Educa www.papaieduca.com.br. Contato: papaieduca@gmail.com
 

Fale com o GCN/Sampi!
Tem alguma sugestão de pauta ou quer apontar uma correção?
Clique aqui e fale com nossos repórteres.

Comentários

Comentários