Pastor-deputado Marco Feliciano foge de protesto durante culto


| Tempo de leitura: 3 min
Manifestantes seguram cartazes contra pastor-deputado Marco Feliciano domingo na porta da Igreja Assembleia de Deus, no Parque Moema, onde ele é presidente
Manifestantes seguram cartazes contra pastor-deputado Marco Feliciano domingo na porta da Igreja Assembleia de Deus, no Parque Moema, onde ele é presidente

Motivo de protestos em outras cidades brasileiras, o pastor evangélico e deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP) esteve em Franca no domingo, 10, e saiu às pressas da Igreja Assembleia de Deus - Catedral do Avivamento, no Parque Moema, no meio do culto que celebrava. O parlamentar fugiu dos cerca de 150 manifestantes que estavam na porta do templo.

O ato - pacífico - foi para repudiar a eleição ao cargo que assumiu no dia 7. Marco Feliciano é acusado de racismo e homofobia e foi eleito presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara Federal. A Polícia Militar acompanhou a manifestação com quatro viaturas e não registrou incidentes, nem a Polícia Civil.

O protesto foi organizado pela internet. O grupo confeccionou cartazes com frases como “Retrocesso não! Fora infeliz” e gritava em coro “Fora Feliciano” e “Eu amo homem, amo mulher, tenho direito de amar quem eu quiser”. Os manifestantes também vaiaram o deputado. Eles ficaram em frente ao templo, na rua Cecim Miguel, próximos à Apae.

O professor universitário Alex Dutra, 26, um dos participantes do ato, disse que havia integrantes do movimento estudantil da Unesp, de movimentos sociais e estudantes de outras instituições. “Não é uma manifestação de intolerância religiosa, mas é contra a figura do deputado Feliciano, que já teve atitudes racistas e homofóbicas. Queremos mostrar para a população o que a figura do deputado representa. Ele preside uma comissão que representa as minorias, mas não é isso que tem feito até o momento”, disse Alex.

Feliciano é alvo de inquérito por discriminação e preconceito no STF (Supremo Tribunal Federal) por ter feito declaração na internet supostamente homofóbica. Ele escreveu no microblog Twitter que “a podridão dos sentimentos dos homoafetivos levam ao ódio, ao crime, à rejeição”. Feliciano também é acusado de racismo por outra frase que postou na internet: “Africanos descendem de ancestral amaldiçoado por Noé. Isso é fato. O motivo da maldição é a polêmica”.

CRENÇA
O deputado Marco Feliciano diz que as manifestações são fruto de perseguição religiosa por ele ser evangélico. Disse isso na pregação em Franca e na internet. “Crente é igual pão, porque quanto mais bate nele mais ele vai crescendo (...) É um direito deles [se manifestarem], mas o crente não faz isso. Ele põe o joelho no chão [para rezar]”, disse no culto.

Na igreja do Parque Moema, da qual é pastor-presidente, Feliciano fez uma pregação de cerca de 40 minutos para 500 fiéis. Direcionou sua fala aos manifestantes que estavam do lado de fora. Ele citou o líder-político Martin Luther King. “O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons.” O deputado declarou que não renunciará à presidência da Comissão.

Era pouco mais de 20 horas quando o Feliciano deixou o templo. Ele cantava para abençoar os fiéis quando entregou o microfone para outro pastor e deixou a igreja de repente e acelerado. Alguns religiosos disseram que ele tinha programado ficar até o fim do culto, mas antecipou a saída para tentar driblar os manifestantes que esperavam que deixasse a igreja no fim da celebração. “Ele estava aqui com a família, acompanhado da mulher, e ficou receoso com o protesto, por isso foi embora antes”, disse uma das fiéis.

O momento da saída dele, de carro, foi o de maior protesto. Ele saiu escoltado por outro veículo, fiéis e policiais militares, mas não houve incidentes. Os manifestantes gritaram “Fora, Feliciano”.

Após o ato em Franca, Feliciano divulgou nota em seu site anunciando que não publicará mais a agenda na internet para evitar novos protestos.

Os manifestantes prometem comparecer à sessão da Câmara Municipal em Franca hoje, às 14 horas, para exigir uma moção de repúdio a Feliciano.

Fale com o GCN/Sampi!
Tem alguma sugestão de pauta ou quer apontar uma correção?
Clique aqui e fale com nossos repórteres.

Comentários

Comentários