
Aconteceu há 15 dias. Uma sucuri de quatro metros de comprimento e 30 quilos de peso foi encontrada dentro de uma lagoa na cidade de Catalão, a 256 km de Goiânia. Parece grande? Pois saiba que a maioria é maior e mais pesada. O Corpo de Bombeiros daquela cidade foi acionado e capturou o réptil. Seis homens participaram do resgate. Eles usaram um gancho e um laço para retirar a sucuri da lagoa.
As lagoas são um pedaço de água doce com rica diversidade de vida. Pássaros, mamíferos, peixes, anfíbios, insetos e répteis vivem em torno da energia delas, como se orbitassem um sistema solar. As lagoas e rios da América do Sul são o habitat de uma das maiores cobras da Terra, a sucuri. Esta palavra, sucuri, na língua tupi significa “animal que morde rápido.”
Há três tipos de sucuri no Brasil. A sucuri-verde é a maior delas. Chega a medir 9 m de comprimento e pesar até 250 kg. É considerada a segunda maior serpente do planeta, ficando atrás apenas da píton-reticulada, que vive na Ásia e mede até 11 m.
Além da sucuri-verde há também a amarela. Esta habita local diferente e tem características distintas: vive no Pantanal, é menor e tem coloração mais chamativa. A verde é mais robusta e tem cor escura para poder se esconder melhor no seu habitat, a Floresta Amazônica. O terceiro tipo só é visto na Ilha de Marajó e se chama sucuri malhada.
Nenhuma das três é venenosa, mas ambas têm fama de devoradoras. É que a sucuri é serpente constritora, ou seja, mata a presa enrolando-se em volta do corpo para sufocá-la. Procura não quebrar os ossos da vítima para não correr o risco de se machucar na hora de se alimentar.
Muitas lendas mostram que a sucuri é ‘comedora de gente'. Essa serpente, assim como todas as outras, é carnívora, mas os humanos não fazem parte de seu cardápio natural que inclui peixes, jacarés e capivaras. Prefere ‘pescar' com muita habilidade sua comida. Nâo há notícia real de que se tenha encontrado algum esqueleto humano dentro de qualquer sucuri. Também não é verdade que engula um boi inteiro. Nunca se constatou essa história que corre de boca em boca entre povos ribeirinhos. Bezerros, sim, elas conseguem engolir.
A sucuri é excelente nadadora, mesmo sem pernas ou braços. Vive próxima a lagos e rios e procura se manter sempre enrolada em galhos de árvore ou mesmo no solo. Ao se sentir ameaçada, entra imediatamente na água, onde consegue se movimentar com mais rapidez, já que seu corpo é grande e pesado. A sucuri não é só a maior cobra brasileira, é também a maior do planeta em volume.
Em comprimento quem ganha é a cobra chamada píton-reticulada (Python reticulatus), que tem 11 m e pesa cerca de 300 quilos. Essa cobra não existe no Brasil, vive na Ásia. É tão agressiva quanto a sucuri. Apesar de parentes, sucuri e píton possuem diferenças. A píton, por exemplo, tem hábito terrestre, ao contrário da aquática sucuri. As duas podem comer presas com três vezes o diâmetro do corpo.
Três vezes o diâmetro do corpo? Como é possível? É que ambas têm pele e musculatura bem elásticas, e os ossos da mandíbula e cabeça não são grudados e podem se mover. Assim, na hora do rango, conseguem abrir um bocão. Além disso, as costelas também fazem movimento lateral. Isso permite comer animais cuja cabeça lembre um cone, porque descem pela garganta com mais facilidade. É uma garganta que vai se expandindo, não tem forma fixa redonda, como a dos humanos.
Fale com o GCN/Sampi!
Tem alguma sugestão de pauta ou quer apontar uma correção?
Clique aqui e fale com nossos repórteres.