
A revelação de mais uma investigação por suspeita de corrupção envolvendo vereadores de Campinas escancarou a fragilidade institucional da Câmara e a inversão de prioridades de um Legislativo mergulhado em polêmicas. A apuração, noticiada pelo portal Metrópoles, cita seis nomes — quatro da atual legislatura e dois ex-parlamentares — investigados por suposto recebimento de propina para alterar legislação que afeta Áreas de Preservação Ambiental (APA).
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A denúncia anônima, que partiu da Polícia Federal e foi transferida ao Ministério Público de São Paulo por não envolver a União, afirma que os políticos teriam recebido valores em troca da inclusão de uma emenda na Lei Complementar 295/2020, permitindo a expansão urbana sobre regiões ambientalmente sensíveis. A gravidade do caso se acentua não só pela temática — que envolve interesses imobiliários e dano ambiental potencial —, mas também por atingir nomes consolidados na base do governo e expor mais um capítulo de desgaste político que se arrasta há meses com outra denúncias sobre os componentes do Legislativo campineiro.
A lista dos citados inclui os vereadores Zé Carlos (PSB), Permínio Monteiro (PSB), Edison Ribeiro (União Brasil), Filipe Marchesi (PSB) e os ex-parlamentares Fernando Mendes (Republicanos) e Jorge Schneider (PL). Todos negam envolvimento ou irregularidades. A investigação, no entanto, caminha em ritmo lento: as oitivas foram marcadas apenas para maio de 2025, quase um ano após a instauração do inquérito.
Esse cenário também alimenta críticas à atuação dos órgãos de controle, como Ministério Público e Polícia Civil, acusados de morosidade e baixa transparência nas apurações. No entanto, o maior dano é à imagem da própria Câmara, que vem acumulando escândalos e polêmicas internas sem dar respostas efetivas à sociedade. Além da denúncia sobre as APAs, parlamentares da casa já foram alvos de suspeitas de rachadinha, superfaturamento em shows via emendas impositivas e irregularidades em contratos da Casa de Leis.
Contraditoriamente, o único caso que avançou em apuração formal no Legislativo foi o do vereador Vinícius Oliveira (Cidadania), acusado de quebra de decoro por ter filmado uma unidade de saúde municipal em ação considerada agressiva. Uma infração simbólica diante do conjunto de suspeitas mais graves que pairam sobre colegas de plenário. O foco exclusivo no novato, ignorando os demais escândalos, reforça a sensação de valores distorcidos e falta de compromisso com o real interesse público. Por sinal, nem mesmo os vereadores de oposição ousam trilhar no caminho acusatório contra colegas da base. Poderiam pedir uma CPI, mas não o fazem.
Enquanto isso, a Câmara segue mais como um cartório carimbador do que como um poder fiscalizador, com sessões recheadas de homenagens e pouca discussão sobre os problemas reais da cidade. A revelação da nova investigação é mais um sinal de alerta — que, ao que tudo indica, segue sendo ignorado por boa parte dos parlamentares.
Gustavo Reis em apuros
Reprodução/Instagram
O ex-prefeito de Jaguariúna e atual presidente da Associação Paulista de Municípios (APM), Gustavo Reis (MDB), foi um dos passageiros do voo da Air France que precisou realizar um pouso de emergência na manhã desta segunda-feira (16), na cidade de Bordeaux, na França.
Reis divulgou em suas redes sociais vídeos e relatos dos momentos de tensão durante o voo. Em uma das publicações, mostrou a aeronave liberando combustível em pleno voo, além da chegada dos bombeiros ao solo para inspecionar um “odor incomum” de queimado que foi detectado na cabine. “A saga da minha volta”, escreveu.
O político estava em Paris para compromissos internacionais, entre eles o WOCA (World Company Award) e o Jantar de Gala em homenagem ao presidente da Embraer, Francisco Gomes Neto.
O voo AF460, que partiu do Aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, com destino ao Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, precisou alterar sua rota e pousar em Bordeaux após o acionamento do código de emergência 7700 — utilizado para situações de alerta geral.
A Air France informou que a decisão foi tomada com base no "princípio da precaução", com o objetivo de garantir a segurança dos passageiros e da tripulação. O pouso ocorreu normalmente às 10h24 (horário local), equivalente a 5h24 (horário de Brasília).
Logo após a aterrissagem, os passageiros receberam apoio da companhia aérea, e as equipes técnicas iniciaram a investigação sobre o odor estranho. Ainda não há um laudo conclusivo sobre o que provocou o incidente.
- Flávio Paradella é jornalista, radialista e podcaster. Sua coluna é publicada no Portal Sampi Campinas aos sábados pela manhã, com atualizações às terças e quintas-feiras. E-mail para contato com o colunista: paradella@sampi.net.br.