INFÂNCIA

Casos de trabalho infantil crescem no interior e acendem alerta

Por Flávio Paradella | Especial para a Sampi Campinas
| Tempo de leitura: 2 min
Divulgação/MPT
Região de Campinas registra aumento de 30% nas denúncias de trabalho infantil em 2025; MPT reforça importância da aprendizagem e da denúncia.
Região de Campinas registra aumento de 30% nas denúncias de trabalho infantil em 2025; MPT reforça importância da aprendizagem e da denúncia.

Dia Mundial e Nacional de Combate ao Trabalho Infantil, celebrado na última quinta-feira (12), trouxe números preocupantes para o interior de São Paulo. Segundo o Ministério Público do Trabalho (MPT) da 15ª Região, que abrange 599 municípios paulistas, houve um aumento de 30% nas denúncias de trabalho infantil no primeiro semestre de 2025. Entre janeiro e maio, foram 220 “notícias de fato” (NFs) recebidas, contra 169 no mesmo período do ano anterior.

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Em 2024, o total anual já havia crescido 29,3% em relação a 2023, com 445 denúncias, contra 344 no ano anterior. Para o vice-procurador-chefe do MPT em Campinas, Ronaldo Lira, a data de 12 de junho é um marco de conscientização: “É um grito de alerta. O trabalho infantil não é escola de vida, é uma violação de direitos que rouba o tempo de estudar, de brincar e de se desenvolver plenamente”, afirma.

Além dos dados sobre o trabalho precoce, o MPT também registrou 110 denúncias contra empresas que descumpriram a cota legal de aprendizes, entre janeiro e maio de 2025. Isso representa um aumento de 25% em relação a 2024, quando houve 88 queixas no mesmo período. A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) determina que empresas devem contratar de 5% a 15% de jovens aprendizes, com idade entre 14 e 24 anos.

Lira defende que a aprendizagem profissional é uma alternativa concreta ao trabalho infantil. “Ela protege o jovem da exploração e da evasão escolar. É hora de trocar a exploração pela formação”, pontua. Segundo ele, o descumprimento da cota não só viola a lei, mas priva adolescentes da oportunidade de capacitação e inclusão no mercado formal.

Neste ano, a campanha nacional de combate ao trabalho infantil adota o slogan “Toda criança que trabalha perde a infância e o futuro”. A ação, organizada pelo MPT, FNPETI, Justiça do Trabalho, MTE e OIT, traz vídeos com histórias fictícias de crianças que enfrentaram trabalho precoce em áreas como o campo, o trabalho doméstico, a mendicância e o universo digital. Os conteúdos serão veiculados nas redes sociais do @mptcampinas.

Segundo a PNAD Contínua 2023, do IBGE, 1,607 milhão de crianças e adolescentes de 5 a 17 anos estavam em situação de trabalho infantil no Brasil. Deste total, 586 mil realizavam as piores formas de trabalho.

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