DARIO INFLUENCER

Tourinho e Zimbaldi criticam prefeito; Avante denuncia Dario no MP

Nesta segunda-feira, 5, durante evento na Sanasa, Dário não contou com o assessor, que sempre o acompanhava em eventos públicos.

06/02/2024 | Tempo de leitura: 3 min

Higor Goulart/Sampi Campinas

Dario é filmado por assessor em evento
Dario é filmado por assessor em evento

O fato do prefeito Dario Saadi (Republicanos) utilizar um servidor comissionado da Prefeitura de Campinas para alimentar suas redes sociais particulares provocou intensa repercussão na oposição. Uma denúncia no MPSP (Ministério Público de São Paulo) foi protocolada contra Dario nesta segunda-feira, 5. A denúncia foi feita em matéria exclusiva da Sampi Campinas veiculada na última quinta-feira, 1º.

A reportagem revela que um servidor comissionado da Prefeitura Municipal de Campinas - e, portanto, pago com dinheiro público - é usado em benefício próprio pelo prefeito. Na prática, o funcionário público, que recebe mais de R$ 11 mil mensais,produz conteúdo que é usado para favorecer o prefeito em suas redes sociais.

Nesta segunda-feira, 5, durante evento na Sanasa, Dário não contou com o assessor, que sempre o acompanhava em eventos públicos. Sozinho, fato pouco usual, o prefeito gravou os próprios vídeos em pose de “seflie”.

Reações

O primeiro a reagir à denúncia da Sampi Campinas foi o PT (Partido dos Trabalhadores). Pedro Tourinho, médico sanitarista e virtual candidato a prefeito de Campinas pela sigla, usou uma rede social para reproduzir a denúncia contra Dário, e ressaltou que o servidor lotado no Gabinete do Prefeito recebe remunerações de R$ 11 mil. “Dario usa assessor pago com dinheiro público em causa própria”, critica Tourinho em sua postagem no Instagram.

 

 

O deputado estadual Rafa Zimbaldi (Cidadania), também possível candidato à corrida pela prefeitura da metrópole, disse que o “ato se configura como grave de infração política administrativa”. Ironizou ainda que a denúncia “reforça (qual) a prioridade do governo Dário”.

O vereador Paulo Gaspar (Novo) aproveitou o momento para reapresentar um projeto, na Câmara, para tornar públicas todas as informações inerentes à nomeação de comissionados, tanto no Executivo quanto no Legislativo. “As atividades do prefeito ou de qualquer parlamentar ligadas ao mandato podem ser publicizadas pelos assessores, porém não podem se misturar com a promoção pessoal”, disse Gaspar à reportagem.

Denúncia no MP
Uma representação protocolada no MPSP (Ministério Público de São Paulo), movida pelo Avante, pede a abertura de um inquérito para apurar o caso. A ação, que leva o texto da reportagem na íntegra, aponta como causa para a investigação o uso indevido dos recursos públicos.

“Resta claro que o prefeito utiliza de servidor comissionado pago pelo erário público na sua promoção pessoal e o uso indevido da máquina pública em seu favorecimento pessoal.  A vista das provas apresentadas, requeiro ao Ministério Público a tomada de providências com a finalidade de investigar os fatos descritos na presente denúncia”, diz um trecho do documento, assinado pela presidência do partido.

Responsável pela representação no MPSP, Rafael Bressani, vice-presidente do Avante, avalia que o expediente utilizado por Dario Saad deixa ainda mais desigual a corrida eleitoral de 2024  “A concorrência eleitoral já é injusta no formato que temos. Oprefeito tem muitos nomeados que não querem perder o emprego e, por isso, fazem de tudo pela reeleição do grupo. Não existe pensar na cidade, só no salário. E aí, quem quer entrar tem apenas 45 dias para conquistar os eleitores. Mesmo com toda essa diferença, o prefeito ainda se utiliza de comissionado para autopromoção. Éinadmissível”, diz Bressani.

Procurada nesta segunda-feira, 5, a Secretaria de Comunicação da prefeitura de Campinas ainda não se posicionou sobre o assunto. O texto será atualizado tão logo a prefeitura se posicione.

O caso
A Sampi Campinas revelou que um servidor do Gabinete do Prefeito é usado para produzir conteúdo para as redes sociais particulares do chefe do Executivo. A confirmação foi feita pelo próprio assessor, além de integrantes da Secom.

Leia mais: 'Prefeito-influencer', Dario Saadi usa servidor comissionado para alimentar suas redes

Especialistas consultados pela Sampi indicam que o caso incorre em improbidade administrativa, e pode render uma ação do MP. O servidor em questão recebe mais de R$ 11 mil de salário, pagos pelos cofres públicos.

Em nota, a Secom alega que o servidor produz conteúdos divulgados à imprensa, e que, eventualmente, parte do material é usado pela equipe do prefeito. Ainda segundo a Secom, a edição do material seria feita por uma empresa privada, paga pelo próprio prefeito, mas se recusou a detalhar qual seria a empresa e os valores envolvidos.

Em novo posicionamento nesta segunda-feira, 5, a pasta manteve o primeiro posicionamento e disse que vai responder aos órgãos de Justiça, caso solicitado.

São José
Situação semelhante viveu o prefeito de São José dos Campos, Anderson Farias (PSD). Diferentes publicações feitas em suas redes sociais, gravadas em órgãos públicos ou anunciando medidas da administração, renderam uma denúncia ao Ministério Público, que pediu uma liminar para que o prefeito restrinja a veiculação de sua imagem às ações do município. 

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