
O ano passado atingiu o segundo maior volume de arrecadação de impostos municipais em Campinas dos últimos 12 anos. Dados da ACSP (Associação Comercial de São Paulo) apontam que o campineiro pagou R$ 2,487 bilhões em impostos municipais ao longo de 2022. Desde que os dados são compilados pela Associação, somente 2020 arrecadou tanto.
Ao longo de 2022, os meses com maior volume de arrecadação foram o primeiro e o último. Em janeiro, Campinas arrecadou R$ 258 milhões, enquanto em dezembro acumulou R$ 235 milhões. Em contrapartida, o mês com pior arrecadação foi fevereiro, com R$ 183,6 milhões.
A concentração de arrecadação nos dois meses citados se dá pelos dois principais impostos municipais: o IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) e o ISS (Imposto Sobre Serviços). Isso é o que explica o coordenador do curso de Economia da Facamp (Faculdade de Campinas), José Augusto Ruas.
“O IPTU tem essa característica de arrecadação no início do ano. Mas, não só isso. Janeiro e dezembro são impactados pela série de recursos injetados pela economia. O 13º salário injeta um volume adicional, que possibilita uma maior venda de serviços”, explicou.
Quanto à baixa arrecadação em fevereiro, a explicação é simples: “fevereiro é o mês com o menor número de dias. Em geral, ele tem que ser também o período de pior receita total e, consequentemente, de arrecadação”, completou.
Recorde
O acumulado de 2022 é o 2º maior dos últimos 12 anos em Campinas. A maior arrecadação anual do município aconteceu há dois anos, durante o pico de restrições em razão da covid-19. Em 2020, os munícipes pagaram R$ 2,757 bilhões, de acordo com o Impostômetro da ACSP. O pior valor arrecadado foi em 2010, com R$ 1,01 bilhão.
Chama a atenção o fato de 2020 ter sido justamente o ano mais afetado pelas restrições pandemia. Na ocasião, bares, restaurantes, serviços de hotelaria e comércio tiveram grandes limitações no seu funcionamento, o que afetou as vendas.
A explicação, segundo José Augusto, é que - apesar de existirem - as restrições ainda não tinham impactado diretamente a arrecadação de ISS e IPTU, principalmente, já que as empresas ainda contavam com um ‘caixa’ para segurar as dívidas. Algo que, em 2021, foi diferente. “Em 2021, uma parte dos negócios está ‘em frangalhos’ (devastados). Uma das alternativas é parar de pagar alguns impostos e depois renegociar. É uma estratégia comum. E em 2020 esses problemas econômicos da pandemia ainda não estavam tão evidenciados”.
Além disso, em relação a 2020, o ano passado não sofreu grande alteração na inflação. Chegou, inclusive, a zerar uma série de alíquotas. Algo que também afeta diferamente a arrecadação de impostos. "Se o negócio tem muita inflação, a arrecadação vai subir. E como não tivemos nenhuma mudança nas alíquotas, não tivemos nenhuma arrecadação extraordinária (em 2022)".
Histórico
É justamente a partir de 2010 que a Associação passou a disponibilizar em seu site os dados coletados por município no Impostômetro. Neste período, entre o início da década passada e 2022, Campinas arrecadou mais de R$ 23,6 bilhões em impostos.
2023
A atualização dos números do Impostômetro em 2023 é constante. Até as 14h30 desta quarta-feira, 4, Campinas arrecadou mais de R$ 31 milhões. O valor vai aumentando com o passar do tempo.
As projeções de arrecadação para o restante do ano são complicadas, por conta da imprevisibilidade da inflação, segundo José Augusto. O economista acredita que o ano pode ter uma melhora econômica em relação a 2022, mas nada muito significativo. Ainda assim, que pode impactar na arrecadação.
“A tendência é de uma economia com crescimento parecido com 2022. As condições são piores, mas, por outro lado, a própria entrada do auxílio de R$ 600 logo no início do ano é positiva. Só esse crescimento já injeta um potencial de gastos para esse ano. Como Campinas é uma cidade muito grande na questão de serviços, é possível que a arrecadação seja um pouquinho maior”, finalizou.