De um lado exumação de corpos e covas abertas e, de outro, flores. Essa foi a visão que os visitantes do Cemitério Parque Nossa Senhora Conceição, popularmente conhecido como Amarais, viram no feriado de Finados. De acordo com a assessoria da Setec, Serviços Técnicos Gerais, ainda não há um prazo para a conclusão da retirada dos restos mortais e muitos que ainda forem ao local podem se deparar com esse mesmo cenário.

De acordo com a campineira Selenir da Luz Carneiro, no dia 15 de outubro ela esteve no local para acompanhar o velório de um conhecido. Chegando ao local, Selenir conta que encontrou, a poucos metros de onde acontecia o sepultamento, um cova ao lado aberta e, dentro dela, um saco de lixo preto. Ao se aproximar, juntamente com sua filha e seu genro, se deparou com restos de ossos expostos, na quadra 8 do cemitério. De acordo com ela, a cena foi um choque. “Na hora eu pensei na minha família, nos meus filhos e não gostaria de ver esta situação. Naquele dia eu fui para casa pensando sobre o que tinha acontecido e voltei dias depois para verificar a situação. Novamente a cena se repetiu”, disse.

A reportagem da Sampi esteve no local na nesta sexta-feira, 5, para apurar a denúncia, mas os ossos, que foram vistos por Selenir, não estavam mais no local. Na quadra 8, entrada do cemitério, apenas uma fita zebrada isolava a área.

Questionada para explicar a situação, a Setec, por meio da assessoria de imprensa, informou que a quadra vista por Selenir foi desativada em 1974. Agora, o cemitério está realizando exumações para reabrir as covas e abrir espaço para novos sepultamentos. “Essas ossadas estão sendo exumadas e colocadas no ossário geral, pois não foram identificadas. Mas não é normal serem deixadas assim. Os servidores já foram alertados para que isso não ocorra novamente”, disse

Ainda segundo o órgão, a exumação só acontece em quadras gerais - espaço destinado a famílias de baixa renda que não têm condições de comprar um terreno perpétuo. Indigentes também são sepultados no espaço. “De janeiro de 2022 a 4 de novembro do mesmo ano, 6 corpos foram considerados de indigentes e enterrados nas quadras gerais. O processo de exumação que acontece na quadra 34 não retirou nenhum desses corpos”, explicou.

Para quem frequenta o local em períodos quando a exumação acontece, o susto é grande. De acordo com um funcionário do cemitério que pediu para não ser identificado, no dia de Finados as covas abertas assustaram algumas pessoas. “Logo na parte da manhã, uma moça veio aqui falar com a gente, perguntar se era normal essa quantidade enorme de covas abertas. Explicamos que é uma situação normal que acontece com os corpos que já foram enterrados há de 3 anos atrás”, disse.