O escritor e membro da Academia Bauruense de Letras, Rafael Moia Filho, lança seu décimo livro, “A Síndrome de Macondo”, uma obra que mergulha na história recente do Brasil para refletir sobre o papel das ferrovias no desenvolvimento de cidades, em especial Bauru. Com base em fatos reais e relatos históricos, o autor destaca como a perda de relevância do transporte ferroviário impactou diretamente a economia e a identidade de diversos municípios.
De acordo com o Moia, a história foi escrita a partir de uma fala que sempre ouvia: "Puxa vida, isso só poderia acontecer em Bauru. Ah, Bauru é a Macondo brasileira”. O título faz referência à fictícia Macondo, vila criada por Gabriel García Márquez em 'Cem anos de solidão'. Assim como na obra colombiana, onde a aldeia cresce isolada e marcada por conflitos sociais, Moia Filho estabelece um paralelo com cidades brasileiras que, antes integradas ao País pelos trilhos, passaram a viver um progressivo isolamento após o desmonte do sistema ferroviário.
Entre esses exemplos está Bauru, fundada e impulsionada por um importante entroncamento ferroviário. A cidade, que já foi símbolo de pujança e desenvolvimento, sofreu os efeitos da privatização e do abandono das ferrovias nacionais, avalia o autor, para quem o retrocesso foi evidente. “De um período de glória, restaram trilhos enferrujados e vagões esquecidos em meio ao mato”, imprime no livro.
“A Síndrome de Macondo” também reúne relatos de outras localidades que enfrentaram destino semelhante, além de discutir a falta de políticas públicas consistentes para o setor ferroviário ao longo das últimas décadas. A obra compara ainda a realidade brasileira com sistemas ferroviários de grandes potências mundiais, como China, Japão e Estados Unidos, apontando o contraste entre o avanço internacional e o desmonte nacional.
Moia Filho reforça a importância estratégica das ferrovias para o escoamento de grãos, transporte de cargas e circulação de passageiros, considerados elementos fundamentais para a logística de um País de dimensões continentais. Para o escritor, recuperar a memória ferroviária é também uma forma de refletir sobre escolhas políticas e econômicas que moldaram, e continuam moldando, o futuro do Brasil.