OPINIÃO

Brasil, EUA e o tarifaço

Por Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves | O autor é dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)
| Tempo de leitura: 2 min

Erram os brasileiros que festejam as mudanças no tarifaço implementadas, na semana passada, pela Casa Branca. É preciso considerar que eliminou-se apenas a tarifa de 10% colocada sobre as exportações brasileiras aos EUA e que ainda permanecem ativos os 40% do tributo aplicado ao nosso país como castigo à ação política do Supremo Tribunal Federal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro – que a corte condena a 27 anos de prisão por conta da suposta tentativa de golpe de Estado, e a extrapolações de medidas judiciais brasileiras contra empresas e cidadãos brasileiros residentes nos Estados Unidos.

Na prática, as autoridades econômicas de Whashington, levantaram o imposto “pequeno” , de 10% sobre café, carne bovina, frutas e outros produtos do agro, mantendo ativo o castigo de 40%. O quadro resultante poderá ser prejudicial aos interesses brasileiros, na medida em que outros produtores chegarão ao consumidor norte-americano com tarifas menores e, por consequência, com preços mais competitivos. Donald Trump consegue elevar tarifas e criar sanções aos parceiros comerciais mundo afora valendo-se de sua condição favorável de negociação. Quem tem o dinheiro no bolso, dita as regras.

Desde o surgimento das divergências que nos levaram ao tarifaço, não tem sido fácil o relacionamento do nosso país com os EUA. Além das infrações que acionaram a Lei Magnitsky contra importantes autoridades brasileiras, temos presenciado o crônico desentendimento político, institucional e ideológico entre os presidentes Lula e Trump. Dezenas de países já resolveram seus problemas tarifários com os EUA, mas o Brasil continua na estaca zero. Dias atrás, Lula reuniu-se com Nicolás Maduro e outros governantes de esquerda e não poupou críticas a Trump, l aos EUA; em seguida também foi criticado por Trump. Mesmo assim há proposta de negociação entre os dois países, mas elas não têm evoluído, apesar de todo o empenho dos vice-presidente Geraldo Alckmin, do chanceler Mauro Vieira e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Isso é problemático e impõe dificuldade aos produtores do agronegócio.

Todo governo – de Lula, de Trump ou de qualquer líder que seja, tem o direito de alinhar-se politicamernte com países e governantes que lhes sejam mais adequados. Mas nenhum deles passa imune às posições assumidas. Esperamos que Lula seja mais comedido e evite continuar entrando em polêmicas desnecessárias. Não há necessidade de defender os interesses de terceiros, principalmente quando estes tendem a prejudicar os nossos.

Que Alckmin, Vieira e Haddad consigam superar o mal-estar criado pelo chefe e o Brasil consiga avançar na questão do tarifaço e, se possível, em outros contenciosos abertos com os EUA. Não esquecer que aquele é um dos maiores compradores do mundo. Que a desoneração dos 10% seja a prova de que o governo de Donald Trump não quer prejudicar o Brasil e os representantes dos dois governos consigam montar um acordo que possa também revogar os 40%. o dia que acontecer, os produtores brasileiros estarão atendidos em suas reivindicações e os consumidores norte-americanos adquirindo os produtos a preços justos. Voltaremos, todos, a respirar normalidade...

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