ECONOMIA

Bauru vê crescer startups e busca virar polo de inovação

Por Cássia Peres | da Redação
| Tempo de leitura: 4 min
Divulgação
Criado em maio de 2024, o Centro de Inovação Tecnológica (CIT) é uma das principais políticas públicas municipais voltadas à inovação
Criado em maio de 2024, o Centro de Inovação Tecnológica (CIT) é uma das principais políticas públicas municipais voltadas à inovação

O ecossistema de inovação de Bauru vem ganhando força e acompanhando o ritmo de crescimento registrado em todo o Estado de São Paulo. De acordo com dados da Fundação Seade, o número de empresas de base tecnológica na cidade saltou de seis em 2022 para 24 em 2025. A expansão do setor reforça o movimento do município, que tem objetivo de se consolidar como um polo regional de inovação.

Segundo o empresário e investidor Ailton Fabri, CEO do Business Innovation Day (BID) e empreendedor há mais de 30 anos na cidade, Bauru sempre teve vocação para a inovação, mesmo antes de o termo 'startup' se popularizar.

"Elas já existiam, mas não eram tão vistas quanto hoje. Depois da pandemia, o setor de tecnologia expandiu, junto com a robótica e as indústrias de base tecnológica. Isso também se deve às 17 faculdades de engenharia existentes na cidade", explica Fabri.

Um exemplo do amadurecimento do ambiente inovador é o surgimento de investidores dispostos a apostar em novos negócios. Uma startup incubada no Centro de Inovação Tecnológica (CIT) da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Renda (Sedecon) recebeu proposta de investimento-anjo de R$ 900 mil, segundo Tathiana Saqueto, gerente de incentivo à pesquisa e fomento à inovação tecnológica da pasta.

Além do interesse privado, o avanço tecnológico local é reforçado por instituições de ensino e infraestrutura. A Unesp Bauru tem se destacado como referência em inteligência artificial (IA), e o município já conta com um data center próprio, o que fortalece sua capacidade de pesquisa e desenvolvimento, destaca Fabri. Para ele, as startups baseadas em IA devem se consolidar como tendência nos próximos anos. Como exemplo regional, ele cita Lençóis Paulista, onde uma empresa já utiliza GPS e automação na operação de caminhões agrícolas autônomos.

INCUBADORAS

Criado em maio de 2024, o Centro de Inovação Tecnológica (CIT) é uma das principais políticas públicas municipais voltadas à inovação, segundo a administração muncipal. Vinculado à Sedecon, o espaço abriga dez startups incubadas que atuam em áreas como saúde, direito, mercado imobiliário e acessibilidade.

"O centro é inclusivo porque abre as portas para toda a população, não apenas para as universidades, onde geralmente se concentram os polos de pesquisa. Bauru é um berço desses estudos, e acredito que ainda avançaremos muito nas áreas tecnológica, audiovisual e da saúde", destaca Tathiana.

Entre os projetos desenvolvidos no CIT está o Gestacard, aplicativo encaminhado para ser implantado na UBS do Geisel e substituir o cartão de gestante do SUS, integrando informações médicas e permitindo um acompanhamento mais eficiente das gestações.

Tathiana adianta que um novo chamamento público será aberto em janeiro de 2026 para selecionar dez novas ideias inovadoras, com publicação no Diário Oficial do Município. "As startups de Bauru têm se destacado pelo desenvolvimento de soluções tecnológicas e aplicativos em diversas áreas. Qualquer interessado pode participar enviando sua proposta, que será avaliada pela equipe técnica da Sedecon", completa.

DESENVOLVIMENTO

O setor de startups tem papel estratégico no desenvolvimento econômico e social. Empresas inovadoras geram empregos qualificados, ampliam a renda e estimulam a concorrência, tornando as economias locais mais dinâmicas e resilientes.

Fabri ressalta, porém, que ainda há desafios para consolidar Bauru como um polo de inovação. A cidade enfrenta dificuldades de acesso à informação entre empreendedores, escassez de recursos públicos e mão de obra qualificada e falta de tecnologias de ponta, ainda concentradas em grandes centros urbanos.

"Mesmo assim, Bauru não fica para trás. Temos que aproveitar as instituições que temos, como o Senai, o Sebrae e eventos como o BID, que têm tornado a cidade mais ativa nessa área nos últimos quatro anos. Bauru ainda precisa definir um foco estratégico para fortalecer seu ecossistema de inovação. A cidade está evoluindo com o trabalho da Sedecon, mas é preciso ampliar o diálogo entre empresários e o poder público", pontua Fabri.

O empresário e autor do livro Resiliência e Suas Consequências finaliza com um conselho. "A resiliência pode ser encontrada no metal, que se adapta ao ambiente e retorna à sua forma original. Empreender, ainda mais com startups, é uma montanha-russa de sentimentos, mas é preciso ser forte e buscar apoio em outros empresários, mentores e instituições. A resiliência é o que nos permite continuar evoluindo".

ÁREAS

Deste modo, os números podem continuar evoluindo na cidade. No Estado de São Paulo, inclusive, o avanço do segmento foi ainda mais expressivo: de seis startups em 2021 para 1.881 neste ano, impulsionado pelo programa federal Inova Simples, que criou uma categoria jurídica específica para esse tipo de empreendimento e simplificou a formalização, acrescenta a Fundação Seade.

Até maio de 2025, os setores predominantes no estado de São Paulo foram o de serviços administrativos, tecnologia da informação e educação. A região metropolitana da capital concentra 69,2% dessas empresas (1.301 no total), seguida por Campinas (144) e São José dos Campos (93).

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