OPINIÃO

Bilhões de dólares para preservar o Planeta

Por Zarcillo Barbosa | O autor é jornalista
| Tempo de leitura: 3 min

Bauru foi a primeira cidade do interior do Estado a ter ônibus elétrico. Lembro-me do então presidente da Emdurb, coronel Eliseu Eclair, anunciar com um sorriso aberto esse privilégio da nossa cidade, a quarta do país em pensar na preservação do ar que seus cidadãos respiram. A primeira linha com o equipamento ligava o Centro ao Nobugi Nagasawa. Um mês depois chegou outro ônibus adquirido pela empresa Cidade Sem Limites, ao custo de R$ 1,8 milhão. O investimento é autossustentável, pela economia de 35% em relação ao movido a diesel. O ônibus leva setenta passageiros em pé e sentados. Dura vinte anos em operação diária. Os usuários aprovaram cem por cento: "Maravilha, chegava em casa todo dia com dor de cabeça e o ônibus elétrico nem faz barulho" - disse a senhora entrevistada. A autonomia é de 250 quilômetros. Dá para circular 18 horas por dia e recarregar na tomada para voltar ao transportar, na manhã seguinte.

Acabou nisso. Nunca mais ouvi falar na renovação da frota iniciada com elétricos na gestão do prefeito Clodoaldo Gazzetta, um confesso ambientalista.

Leio na mídia que um dos desafios da COP 30 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática), que se realiza em Belém do Pará é justamente a da troca dos ônibus urbanos a diesel, pelos não-poluentes elétricos. Organismos internacionais colocam-se à disposição para financiar com juros modestos e de longo prazo, a substituição dos fumarentos coletivos. Um fundo internacional abriu a disponibilidade com 80 milhões de euros, coisa de 500 milhões de reais. A Bloomberg Philantropics, um dos fundos, trabalha pela mobilidade limpa nas cidades, no curto prazo.

Penso se não seria a oportunidade do governo de Bauru retomar o projeto e tratar com as duas concessionárias dos transportes urbanos, da sanidade dos pulmões e do psicossocial dos bauruenses. Ou seja, reduzir emissões, ruido e custos operacionais garantindo uma Bauru mais limpa, eficiente e humana. Exija-se o mesmo dos ônibus escolares.

Temos uma Secretaria do Meio Ambiente na Prefeitura de Bauru, mas não sei se alguém estará em Belém, pelo menos para saber o que pode interessar à cidade. Por exemplo: foi criado um fundo internacional de 5,5 bilhões de dólares, para persuadir governantes de cidades e Estados a preservarem suas matas nativas. Os projetos de florestamento e reflorestamento geram créditos de carbono, que podem ser comercializados no mercado internacional.

Temos aqui ainda, algumas matas de transição nativas - mata atlântica-cerrado - na Vargem Limpa, Zoológico e Hospital Lauro Souza Lima, que podem inspirar projetos financiados, se forem projetos sólidos, com objetivos claros e mensuráveis. O ministro das Cidades, Jader Filho (MDB), tem se declarado disposto a ir atrás de prefeitos de cidades que demonstrem interesse em manter coberturas vegetais nativas. Reconhece que elas ajudam a regular chuvas, evitando possíveis situações de inundações.

A Cúpula do Clima de Belém recebe líderes de 30 países, o Secretário Geral da ONU Antônio Guterres e representantes do Banco Mundial, para garantir que o Fundo de Floretas Tropicais (TFFF na sigla em inglês) inicie uma nova era de colaboração global entre investimentos públicos e privados, impulsionando estratégias permanentes de conservação e fortalecendo parcerias em todo o mundo para proteger os ecossistemas tropicais.

Em Belém, ocorre uma mudança histórica de paradigmas. Esforços para proteger e restaurar florestas tropicais. O mundo atribui valor financeiro aos serviços ecossistêmicos. Bauru precisa estar nessa. Quem vai perder a oportunidade de comer tacacá ao tucupi. Modestamente, temos alguma coisa a preservar neste território, antes que vire pasto ou loteamento imobiliário.

O autor é jornalista.

Comentários

Comentários