Um empreendedor de 43 anos, morador da Vila Popular Ipiranga, procurou o vereador Junior Lokadora (Podemos) para informar que recebeu do Programa Água de Todos, promovido pela Prefeitura de Bauru, um galão de 10 litros de água com um inseto dentro, possivelmente um mosquito. O vasilhame está lacrado, segundo o munícipe, e foi entregue às 11h20, na segunda remessa de distribuição feita na última sexta-feira (3), no muro lateral do Recinto Mello de Moraes, na rua Juzo Hirata - entre as avenidas Comendador José da Silva Martha e José Henrique Ferraz.
A situação ensejou um vídeo produzido pelo parlamentar para denunciar o episódio. A reportagem acionou a administração municipal que, em nota, informou não ter recebido qualquer reclamação desta natureza. Já a empresa que forneceu o galão destacou ter, imediatamente, suspendido as vendas e acionado perícia, assim como seu departamento jurídico, para acompanhar o caso e tomar as medidas cabíveis de modo a constatar a veracidade do exposto.
“O município informa que tomou conhecimento da denúncia de suposto inseto em um dos galões durante a sessão da Câmara Municipal nesta segunda-feira (6). A prefeitura recebeu a notificação da empresa que vai suspender o fornecimento de galões de água após as declarações na Câmara Municipal”, consta de trecho do comunicado.
Ainda segundo o texto, a administração municipal esclarece que o contrato com a empresa foi firmado de forma transparente e com base em critérios técnicos e legais, tendo como prioridade garantir o acesso à água potável para a população das regiões afetadas pelo rodízio no abastecimento.
“Diante da suspensão, o município já está adotando as medidas necessárias para garantir a continuidade do serviço, com a contratação de outras empresas fornecedoras. A distribuição de galões segue nesta terça-feira (7), das 8h às 16h, na Praça da Hípica e na Praça do Penta. A entrega continuará sendo feita por ordem de chegada, como vem ocorrendo desde o início da ação. A Prefeitura de Bauru reafirma seu compromisso com a transparência, o diálogo e a responsabilidade na gestão pública, sempre atuando para assegurar o atendimento à população”, finaliza a nota, enviada pela assessoria de imprensa.
O JCNET também acionou a empresa responsável pelo envase da água. Ela destacou que está no mercado há cinco anos, prestando serviço de excelência, sem qualquer registro semelhante ao denunciado.
“Esclareço que nunca havíamos fornecido água para a Prefeitura e que, na semana passada, fomos procurados pelo município e fizemos uma condição especial de preços, o que colocou a fonte para trabalhar até às 23h30, durante dias seguidos, para atender à demanda da Prefeitura de Bauru”, acrescentou a empresa.
Por sua vez, o munícipe não descarta a possibilidade de registrar um boletim de ocorrência, o que pode fazer após consultar um advogado.
Já o vereador Lokadora esteve no plantão policial nesta terça-feira (7) para registrar boletim de ocorrência envolvendo o fornecimento de água à administração municipal. Segundo ele, a iniciativa foi tomada como forma de se resguardar, após ter sido chamado de mentiroso por uma secretária da Prefeitura em outra ocasião. O galão de água suspeito será encaminhado para perícia, informou à reportagem.
Também esteve presente no plantão o vereador Eduardo Borgo (PL), que acompanhou Lokadora e informou ter sido feito um aditamento ao boletim para que seja apurada uma possível relação do secretário de Governo, Renato Purini — marido da prefeita Suéllen Rosim (PSD) — com a empresa fornecedora de água.
Borgo entregou à polícia um documento no qual consta que Purini foi sócio da empresa até 2019. A empresa é a mesma que atualmente fornece galões de água à administração municipal, e o produto entregue está sob investigação.